Quadrinhos que contam a história e as lutas da América Latina

O ano é 1756, forças guaranis da redução de São Luís decidem resistir ao tratado de Madri e lutar contra as coroas de Portugal e Espanha para permanecerem em seus territórios. Um conflito entre guaranis e tropas ibéricas se avizinha e, às vésperas da batalha, um padre jesuíta e o guarani Nicolas contam a uma criança indígena sobre uma outra guerra travada há mais de cem anos, a batalha de Mbororé.

Mukanda é a palavra da língua quimbundo que significa carta. E foi por meio delas que Tiodora, uma mulher escravizada que viveu em São Paulo na segunda metade do século XIX, tentou buscar sua alforria. A história de Tiô é a base para Marcelo D’Salete tecer uma trama que mistura ficção às cartas deixadas por ela.

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Um jovem escritor espanhol chega a Paris tentando solucionar a misteriosa morte da atriz norte-americana Jean Seberg. Sem perceber, ele cai em uma trama que envolve o serviço secreto francês, Guy Debord, Jean-Luc Godard, Philip K. Dick, um agente da CIA e os autorrealistas, um grupo de pintores latino-americanos refugiados das ditaduras de seus países.

Centrado na saga de uma família mineira, o quadrinho constitui um afresco do autoritarismo brasileiro no século XX. Não apenas uma obra que escancara o que foi a ditadura, essa é uma saga na qual personagens e destinos se cruzam e entrecruzam. Em páginas ricamente compostas, recorrendo à caricatura, à publicidade e ao design gráfico brasileiros, o autor mistura fatos íntimos com a história brasileira.

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A morte de Augusto Pinochet, em 2006, trouxe, tanto para o povo chileno como para personalidades internacionais, um senso de incompletude. Nesta HQ, Félix Vega e Francisco Ortega buscam, na ficção, um modo de redimir esta injustiça histórica, ao criarem, no campo do além, o julgamento definitivo do ditador do Chile nos anos 1970 e 80.

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Ambientada em 1961, ano em que o Uruguai recebeu a visita de Che Guevara, que naquela época era Ministro da Indústria e Presidente do Banco Nacional de Cuba, a HQ não se limita apenas ao seu caráter histórico, apresentando também elementos ficcionais, com doses de mistério e um ar conspiratório próprio do período de Guerra Fria.

Durante uma década, de 1980 a 1990, o Peru foi devastado pela guerra entre o grupo Sendero Luminoso e o governo do país. Nessa guerra, as maiores vítimas foram os camponeses, pegos no fogo cruzado entre militares e guerrilheiros. Esta história em quadrinhos é um testemunho chocante desse período de violência que marcou um país.

Novembro de 1868. Um fotógrafo francês vai ao Paraguai em busca das jovens indígenas do povo Guarani. Sob pretexto da etnografia, suas fotos se destinam ao público parisiense ávido pelas belezas nativas… mas o exotismo e a aventura darão rapidamente lugar ao horror. Ele testemunha um dos episódios mais sangrentos da história da América Latina, a Batalha de Acosta Ñu.

Um jovem que atravessa a fronteira da Venezuela, na esperança de encontrar um lar seguro e próspero na vizinha Colômbia. Nido narra a jornada angustiante de Ángel por uma vida melhor, um retrato íntimo que joga luz a tantas outras situações de imigrantes e refugiados que têm o desejo não apenas de prosperar, mas, também, de viver.

Baseado em uma pesquisa antropológica de fôlego, Os Donos da Terra aborda episódios históricos e recentes da luta dos Tupinambá da Serra do Padeiro, no sul da Bahia, pela recuperação dos territórios ancestrais dos quais foram expulsos pelo avanço da colonização — que continua até hoje.

A ocupação europeia na Amazônia e o avanço do colonialismo português foram marcados pelo genocídio de centenas de povos nativos. Após anos de conflitos, massacres, doenças e escravização, a resposta indígena veio à altura, com o surgimento de um grande líder oriundo da maior nação guerreira da selva, Ajuricaba dos Manaos.

Elvio Guastavino, um homem franzino e aparentemente inofensivo, recebeu uma herança pesada de seu pai, um coronel chamado Aaron Guastavino. Considerado um dos maiores carrascos da ditadura militar argentina, costumava treinar suas técnicas em bonecas antes de aplicá-las em prisioneiras de carne e osso, dentro de sua própria casa. A Herança do Coronel é uma das graphic novels mais brutais já realizadas sobre os anos de chumbo na Argentina.

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