De Alfredo Villar, Jesús Cossio e Luis Rossel
208 páginas
Veneta | 2016
Tradução: Rogério de Campos e Bárbara Zocal
Publicado há alguns anos pela Veneta, Sendero Luminoso, de Alfredo Villar, Jesús Cossio e Luis Rossel é uma narrativa jornalística em quadrinhos que busca retratar o trágico conflito entre os militares peruanos e a milícia Sendero Luminoso, entre 1980 e 1990. Além de traçar um panorama, com vários textos de apoio, sobre as origens do grupo, o quadrinho nos ajuda a entender o quão violenta foi essa guerra.
Durante nossa formação, estudamos muito pouco a história da América Latina. Conhecemos pouco dos nossos vizinhos e Sendero Luminoso nos ensina muito sobre a história recente do Peru. Apesar de se originar de uma luta justa pelo direito à educação no país e formado principalmente por jovens idealistas, o movimento liderado por Abimael Guzmán se tornou uma milícia sangrenta, que atacou a quem buscava proteger. O embate entre o Sendero e as forças armadas do Peru não envolveu somente as duas frentes rivais. A guerra foi extremamente cruel com diversos povoados no país e é justamente este o foco do roteiro.
Ao longo dos capítulos, que apresentam trechos independentes da história, vamos acompanhando o crescimento do Sendero, a rigidez ideológica de seus líderes e os atos nefastos dos militares. Os textos de apoio, entre os capítulos, funcionam muito bem para situar o leitor naqueles trechos da história. É notável, principalmente na arte e na narrativa gráfica, a influência de Joe Sacco.
Essa é uma leitura pesada, afinal, é marcada pela violência e pelas injustiças. Em alguns momentos, a trama chega a se tornar cansativa, afinal, já sabemos que será uma sucessão de massacres.
É desolador ver como, no fim das contas, as maiores vítimas foram os camponeses, pegos no fogo cruzado entre militares e guerrilheiros. Muitos dos crimes contra a humanidade cometidos durante essa guerra não foram sequer punidos. E é por isso que, mesmo que tenha seus problemas enquanto quadrinho, Sendero Luminoso é uma leitura necessária. A HQ é uma espécie de dever de memória, afinal, essa história ecoa no Peru até hoje e não pode ser esquecida.