De Jung Ji Hun
Série completa: 1.114 páginas (Vol.1 376 páginas, Vol.2 376 páginas e Vol.2 362 páginas)
NewPOP | 2024
Tradução: Beatriz Fernandes
O Horizonte carrega muitas semelhanças com outras obras ambientadas em realidades pós-apocalípticas. Ao mesmo tempo, o manhwa de Jung Ji Hun consegue aproveitar uma trama aparentemente simples para gerar uma reflexão densa sobre nossa existência. Por que continuar vivendo, enquanto tudo parece um caos?
Na trama, duas crianças se encontram e decidem caminhar juntas. Elas estão sozinhas em um mundo desolado, em que não é possível confiar nos adultos. O menino e a menina decidem seguir caminhando rumo ao horizonte para fugir de toda aquela tragédia e continuarem vivos. Começa assim uma jornada angustiante, em que é difícil não se emocionar. Ainda no primeiro volume, podemos ter ideia do quão potente pode ser a narrativa de Jung Ji Hun, mesmo que transposta da estética vertical do webtoon, como foi a publicação original, para as páginas de uma edição impressa. Seu principal triunfo é reforçar o aspecto sensorial das cenas, potencializando seu impacto no leitor.
Há discussões morais, filosóficas e até religiosas em meio à trajetória da dupla protagonista. A fluidez da leitura, somada aos ganchos deixados em diversos pontos da história, nos fizeram atravessar os três volumes que compõem o manhwa muito rapidamente. A arte pode parecer simples, mas se prova cada vez mais ousada à medida que a trama avança, com destaque para o terceiro volume nesse quesito.
Publicado pela NewPOP, O Horizonte poderia ser descrito como uma contemplação desconfortável. Quando o autor confessa que começou a escrever essa história após ter prestado o serviço militar obrigatório na Coreia, podemos imaginar o quanto a trama, e os temas abordados, refletem seu olhar após essa experiência. Este é daqueles quadrinhos que nos fascinam durante a leitura e ainda conseguem ecoar após o ponto final.