De Taiyo Matsumoto
Série completa: 440 páginas (Vol.1 240 páginas e Vol.2 200 páginas)
JBC | 2023
Tradução: Naguisa Kushihara
Taiyo Matsumoto equilibra melancolia e surrealismo em Os Gatos do Louvre. Mais do que uma fábula, em que animais ganham aspectos humanos, o mangaká cria uma história encantadora, que homenageia o museu enquanto transita entre sentimentos complexos.
Longe do olhar dos milhares de visitantes que passam pelo Louvre, vive um grupo de gatos que está ali há gerações. Para a maioria, o museu é um teto como qualquer outro, mas para Filho da Neve, um gatinho branco que mesmo aos 6 anos ainda parece um filhote, as obras de arte são fascinantes. Ele parece atraído pelas pinturas, ter uma relação mais íntima com elas. Mas, talvez, Filho da Neve não seja o único.
Matsumoto quebra a fronteira entre humanos e animais e os torna similares. No mangá, os funcionários do museu e os gatos que vivem lá são igualmente importantes. O roteiro, dividido entre esses dois núcleos, ganha ares surrealistas à medida que a trama avança, e é beneficiado pela relação cada vez mais próxima entre eles. Enquanto isso, o museu testemunha, como um ser onipresente, a história se desenvolver entre os seus ambientes.
Há um sentimento de deslocamento constante, representado por Filho da Neve, e sua dificuldade de interagir com os outros gatos, em detrimento das obras de arte. O mangaká usa dessas simbologias para transitar entre dilemas humanos, que já aborda em suas outras obras, e que aqui casam perfeitamente com a proposta geral.
Na arte, Matsumoto trabalha os contrastes entre a imensidão dos ambientes do museu e aqueles que passam por ali. Enquanto interagem entre si, os gatos passam a ser desenhados com características humanas, mantendo alguns de seus atributos felinos. O recurso pode parecer curioso nas primeiras páginas, mas é um divisor de núcleos para o leitor.
Publicado pela JBC, em dois volumes, Os Gatos do Louvre carrega alguns dos elementos identitários de Taiyo Matsumoto. É um mangá que trabalha perfeitamente a ideia da ambientação no museu e ainda flerta com a fantasia para falar de arte, vida em comunidade e inquietudes.