De Ed Brubaker e Sean Phillips
144 páginas
Mino | 2024
Tradução: Dandara Palankof
Onde o Corpo Estava entrega uma narrativa que cativa do começo ao fim. Misturando drama, uma história de amor, suspense e, como de costume nas histórias da dupla, personagens dúbios, a HQ de Ed Brubaker e Sean Phillips consegue fazer da sensação de mistério uma viagem aterrorizante ao desconhecido.
O que começa como um enredo simples rapidamente se transforma em algo muito mais intenso. Acompanhamos os acontecimentos de um bairro, no verão de 1984, narrados sob uma perspectiva futura: depoimentos dos moradores do local sobre aquela época de suas vidas. Os personagens são apresentados logo na introdução da HQ, assim como um mapa do bairro. Esse conjunto de vidas se entrelaça em uma situação: o assassinato de uma pessoa. Quem é? Quem encontrou? Qual o motivo? Essas perguntas não são reveladas imediatamente. A única coisa que o leitor tem em mãos é que um corpo foi encontrado naquela rua e, agora, “essa história” é contada a partir de pontos de vista diferentes.
Os elementos que se desenvolvem durante a primeira metade abrem caminho para o que está por vir. Durante a leitura, o roteiro nos induz a desconfiar de todos. Toda essa construção contribui para o desenvolvimento crível da história. É como se fosse uma série de podcast true crime em que, enquanto você escuta se sente um investigador e vai criando teorias.
Quem já é versado na obra da dupla Brubaker e Phillips sabe que seus quadrinhos não se limitam a ser obras de crime/mistério. Eles têm um olhar atencioso no desenvolvimento dos personagens. E em Onde o Corpo Estava temos quase um ecossistema de protagonistas, que é bem trabalhado graças à maneira como a HQ revive seu passado.
O mistério é imprevisível de Onde o Corpo Estava nos faz perguntar como tudo aquilo irá se desenrolar. Apesar de nem todas as decisões do desfecho agradarem, o quadrinho é muito bem executado e uma leitura que nos deixou vidrados desde as primeiras páginas.