[Especial]

Mangakas e a cultura da proteção no Japão

24 junho 2023
Por Fora do Plástico


Quantas fotos de Akira Toriyama você já viu?

Poucas, provavelmente. Isso é o sinal de uma cultura entre mangakas, afinal é muito comum que muitos escondam o rosto, se mantenham anônimos ou façam poucas aparições, mesmo após o sucesso. Na verdade, os motivos podem ser diversos. Seja pelo desejo de continuar com uma vida tranquila e anônima ou pela necessidade de evitar a atenção dos fãs, que às vezes exageram no assédio. Afinal, muitos desses artistas lidam com franquias gigantes.

Conheça alguns dos “recursos” usados por esses mangakas:

Nome artístico/pseudônimo

Um recurso muito usado para esconder a identidade é o nome artístico.

Inclusive, alguns mangakas adotam mais de um. Mas, nem sempre é para manter o anonimato, mas também, por conta de trabalhar com demografias diferentes. Buronson, de Hokuto no Ken, e Sho Fumimura, de Sanctuary, são a mesma pessoa.

Máscaras

Em suas aparições públicas, alguns artistas utilizam máscaras para esconder o rosto e permanecer irreconhecíveis.

Avatares

Outro recurso bem comum é a utilização de avatares, imagens que representem o mangaká.  Eles não são uma exclusividade daqueles que desejam manter o anonimato, mas nestes casos, muitas vezes o avatar é o único ícone visual que remete à figura daquele autor.

E quando não sabemos se um mangaka na verdade é uma mangaka?

Existem, provavelmente, mais mulheres fazendo mangás do que realmente sabemos. Não há igualdade de gênero nas esferas criativas, por isso, muitas mangakas optam por se passar por homens, escolhendo pseudônimo masculino para assinar suas obras.

Os motivos vão de assédio de leitores a preconceito daqueles que pensam que determinada demografia de mangá, não pode ser escrita por uma mulher.

 

Hiromu Arakawa autora de “Fullmetal Alchemist”, “Silver Spoon” e “A Heroica Lenda de Arslan”, escondeu seu gênero até o fim de “Fullmetal Alchemist” por medo dessa validação.

Um exemplo disso também é que dois dos shonens mais populares dos últimos anos, supostamente, são escritos por mulheres. Koyoharu Gotōge, de “Demon Slayer – Kimetsu No Yaiba”, e Gege Akutami, de “Jujutsu no Kaisen”.

Poucas fotos (e desatualizadas)

Aqui chegamos a Akira Toriyama. Se você foi procurar uma foto de um mangaka que você curte e se deparou com uma imagem bem antiga ou até mesmo nem encontrou uma foto, pode ter certeza que isso é algo bem comum. No caso de muitos artistas só é possível encontrar fotos do início de carreira ou de alguma ocasião, como eventos e premiações.

Bons exemplos são as fotos de Akira Toriyama (“Dragon Ball”), Togashi (“HunterXHunter” e “Yu Yu Hakusho”), Kentauro Miura (“Berserker”) e Akimi Yoshida (“Banana Fish” e “Diário de Uma Cidade Litorânea”).

Não é uma regra

Claro, há muitos autores que são mais “flexíveis”, em relação à privacidade. Mas é um tanto raro encontrar um mangaka que não seja pelo menos parcialmente discreto.

Há várias questões como fatores culturais, movimentos geracionais e de gênero, como você viu neste texto.

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