De Gene Luen Yang
448 páginas
Quadrinhos na Cia. | 2023
Tradução: Érico Assis
Dragon Hoops, de Gene Luen Yang, é incrivelmente fácil de gostar. Equilibrando clichês de histórias esportivas edificantes e desafios da vida real, o quadrinho sabe como afinar a fórmula da trama esportiva. De forma honesta e inspiradora, a HQ aposta nas complexidades dos relacionamentos, explicando quais elementos um esporte coletivo tem para transformar jovens tão diferentes em uma família, por partilharem da mesma paixão.
Gene Luen Yang foi, por muito tempo, professor de uma escola em Oakland, na Califórnia. No meio de uma crise de inspiração, ele percebe que o assunto de sua próxima HQ pode estar embaixo de seu nariz, na escola onde leciona. E é assim que o autor, mesmo distante do universo dos esportes, decide acompanhar a temporada do time masculino de basquete da escola, que busca o sonhado campeonato estadual.
Mesclando a sua vida à dos jovens atletas, Yang explora o entorno do time, ao mesmo tempo em que reconstrói a história do basquete nos Estados Unidos. Sem se esquivar de questões sociais e de classe, o quadrinista direciona capítulos individuais a grande parte dos membros da equipe, apresentando suas origens, fragilidades, lutas, motivações, quase de forma biográfica. E por mais espaço que Dragon Hoops dê aos jogadores, afinal são eles o grande destaque aqui, é impossível contar essa história sem mostrar como o destino dessas crianças passa pelas mãos dos treinadores.
Apesar das mais de 400 páginas, a leitura flui em ótimo ritmo, dinâmica e acessível. Tal qual o quadrinista, leitores que não têm qualquer intimidade com o esporte, vão se sentir cativados pela maneira como a trama é contada.
Com um traço caricatural, Yang consegue transmitir tanto a atmosfera enérgica de um jogo, quanto momentos da rotina na escola ou em casa. A arte é perfeitamente capaz de entregar tensão, dinamismo e boas cenas de ação.
Publicado pela Quadrinhos na Cia., Dragon Hoops é uma leitura deliciosa e impactante. Um panorama que não se resume às estrelas da história do basquete, ao apresentar os jovens anônimos que tornam o esporte o que ele é. Tudo sem se distanciar dos valores multirraciais e multiculturais que caracterizam as obras de Yang.