De Gilbert Hernandez
256 páginas
Veneta | 2017
Tradução: Cris Siqueira
Diastrofismo Humano, segundo volume das histórias de Palomar criadas por Gilbert Hernandez, traz mais profundidade aos muitos personagens apresentados em Sopa de Lágrimas. Revemos Luba, Carmen, Pipo, Heraclio, Tonantzin e tantos outros, mas também somos apresentados a novos personagens, expandindo o universo, mesmo que ainda centrado na pequena cidade de Palomar.
Apesar ser ambientado um pouco após os últimos eventos de Sopa de Lágrimas, Diastrofismo Humano segue o padrão de trazer tempos distintos nas histórias da HQ. Apesar de muitas vezes parecerem desconexas, as tramas (algumas em formato bem curto) são parte de um todo e é necessário ficar atento aos detalhes. É interessante saber um pouco mais sobre a história da família de Luba, ver suas filhas crescerem e observar como passado e presente são fluidos no roteiro de Hernandez.
O quadrinho, lançado pela editora Veneta, leva o nome da principal história dessa edição. Mais longa que as demais, a trama faz um recorte nos eventos ambientados em Palomar quando um serial killer assombra a cidade, que é, simultaneamente, atacada por macacos. As transições entre os núcleos de personagens são mais abruptas do que o que víamos nas histórias, até então. Isso pode gerar um estranhamento, mas logo nos acostumamos e até passamos a gostar dessas transições.
A arte do quadrinista pode não ser deslumbrante, mas é competente na representação dos personagens. O grande destaque vai para a passagem do tempo, representada novamente no envelhecimento dos corpos de cada habitante da cidadezinha.
Hernandez continua muito habilidoso em transmitir um tom fantástico em sua obra, seja nas situações, no comportamento de seus personagens ou até nas regras do universo criado por ele. Diastrofismo Humano nos mostrou mais uma vez como é bom visitar Palomar.