De Juan Díaz Canales e Rubén Pellejero
88 páginas
Trem Fantasma | 2023
Tradução: Marcello Fontana
Segundo volume das histórias de Corto Maltese assinadas por Juan Díaz Canales e Rubén Pellejero, Equatória é uma aventura deliciosa. Com um contexto histórico bem delineado e personagens cativantes, essa edição entrega alguns dos elementos essenciais das histórias do marinheiro criado por Hugo Pratt.
É notável que Canales e Pellejero não buscam se distanciar daquilo que ficou consolidado nas histórias de Corto. Desde Sob o Sol da Meia Noite, a dupla buscou fazer uma homenagem, mas sem ares de releitura. É exatamente o que temos também em Equatória. Na trama, Corto está em busca de um objeto lendário, um tesouro perdido: o espelho de Preste João. O que o leva de Veneza a Alexandria e depois à África Equatorial. Porém, como era de se esperar, seu caminho se cruza com o de outros agentes dessa história: uma mulher que está em busca do pai, acompanhada de uma freira; um grupo de nacionalistas egípcios; a imponente jornalista Aída; um cruel tenente do regimento colonial britânico e uma mulher que aparentemente havia sido escravizada.
Mesmo que pareçam muitas interações para uma história de apenas 86 páginas, Canales consegue encadear bem os eventos, fazendo com que cada personagem tenha uma função na jornada do marinheiro, com pouquíssimas pontas soltas. A aventura é carregada de referências a personagens reais (como de costume) e consegue usar muito bem o pano de fundo do colonialismo como parte da trama, sem deixar de trazer um olhar crítico.
A arte de Pellejero segue o que havíamos visto no volume anterior, buscando se aproximar de Pratt, sobretudo nos enquadramentos. O visual é dinâmico e transita bem entre os diversos pontos do globo em que a trama é situada.
Como uma leitura para se divertir do início ao fim, Corto Maltese – Equatória não desaponta. A publicação da editora Trem Fantasma traz uma mistura de aventura instigante e ótimos diálogos, ao lado do charme memorável da criação de Pratt.