De Taiyo Matsumoto
216 páginas
Devir | 2024
Tradução: Arnaldo Oka
Blue Spring traz Taiyo Matsumoto em seu trabalho mais embaraçoso. Uma HQ confusa, que além de não conseguir encontrar um tom para seu tema central — a passagem pela juventude — perde fôlego pela estrutura caótica de seus roteiros e personagens desinteressantes.
A questão é: Blue Spring tem interesse em se apresentar como uma coletânea de histórias sobre jovens com tendências violentas, na transição para vida adulta. Eles parecem não ter sonhos ou objetivos e lidam com juventude da pior forma possível, esperando pela chegada da vida adulta, mesmo sem desejá-la. Este, que é um dos primeiros trabalhos do autor, não envolve nem desperta interesse do leitor em querer acompanhar o desenvolvimento de sua trama, ou melhor, em nenhuma das sete histórias compiladas aqui.
Todos os contos soam genéricos e, pra falar a verdade, nem tudo é muito claro. É difícil de acompanhar algumas cenas pela forma enérgica do autor, que depois encontraria formas de trazer seu estilo autêntico com mais clareza. Diante disso, Blue Spring logo se entrega ao “sem graça”. Aliás, a leitura representa uma decepção ainda maior quando consideramos Matsumoto um dos mangakás mais talentosos de sua geração, responsável por obras tão poderosas, como “Sunny”, “Tekkon Kinkreet” e “Ping Pong”.
A estética torta do mangá tem o seu charme. Embora ainda distante do que estava por vir em seus trabalhos seguintes, em relação ao traço e a narrativa, o visual da obra é o ponto alto. Mesmo com trechos tão confusos na narrativa.
Lançado pela Devir, Blue Spring é uma HQ que não recomendamos como porta de entrada à obra de Taiyo Matsumoto. Muito pelo contrário, é uma obra destinada ao leitor que já é fã de carteirinha do autor, aquele que não quer deixar de conferir tudo o que ele já produziu.