De Ed Brubaker e Sean Phillips
72 páginas
Mino | 2022
Tradução: Dandara Palankof
Em Um Fim de Semana Ruim, Ed Brubaker e Sean Phillips trazem um olhar cínico sobre a indústria da nona arte. Uma história sombria sobre um consagrado quadrinista que vai passar o fim de semana em uma convenção de quadrinhos na década de 1990.
Orgulhoso e amargurado, Hal Crane é totalmente desiludido com o mercado de quadrinhos, ao ponto de falsificar suas próprias artes para ganhar dinheiro. Para acompanhá-lo na Gibi Fest, convenção onde vai receber uma homenagem pelo conjunto de sua obra, ele quer a companhia de seu ex-assistente, Jacob Kurtz. Mesmo tendo péssimas lembranças de seu período trabalhando com o lendário quadrinista, Jacob decide aceitar o convite. E é ele quem vai narrar essa história, ou seja, ele será a tradicional voz que acompanha o leitor nas HQs da dupla.
Através da trama que, aos poucos, vai revelar as verdadeiras intenções de Hal Crane, Brubaker aborda a precariedade das condições de trabalho dos quadrinistas. Assim como as frustrações, a vaidade, a hipocrisia, o ambiente tóxico e outros aspectos sujos deste universo. E, por mais que seja uma história fictícia, o contexto real: temos nomes conhecidos e uma ambientação identificável. Conseguindo fazer tudo parecer verossímil.
Mesmo sendo um quadrinho curto, você não sente urgência devido às poucas páginas. Está tudo ali, de forma dinâmica e fluida. A construção do enredo não nos cativou da mesma maneira que outras obras da dupla. No entanto, o final é surpreendente.
Não poderíamos deixar de destacar como o universo de Criminal é bem arquitetado pelos autores. Jacob Kurtz é um personagem já trabalhado na série e acompanhar esse “intercâmbio” de elenco é o principal charme desta antologia.
Apesar de ter nos empolgado menos do que de costume, Um Fim de Semana Ruim é um ótimo quadrinho e tem bons momentos. Felizmente, até quando Ed Brubaker e Sean Phillips fazem algo aquém do habitual, o resultado é uma obra divertida e acima da média.