De Gene Luen-Yang e LeUyen Pha
352 páginas
Alt | 2024
Tradução: Diana Passy
Mesmo para quem não é lá um grande fã de romances, é difícil não se encantar pelo frescor de Uma História de Amor no Ano-Novo Lunar. Longe dos clichês do gênero, o quadrinho pode até ser voltado para leitores mais jovens, mas traz uma abordagem perfeita para qualquer público. Ao nos apresentar os conflitos internos de Valentina, uma adolescente vietnamita-americana, o quadrinho nos faz mergulhar de cabeça em seu mundo. Um mergulho cheio de sutilezas e descobertas.
Essa é mais uma prova da qualidade de Gene Luen-Yang (de Dragon Hoops e O Chinês Americano) como contador de histórias, só que desta vez ele não está sozinho, a desenhista Leuyen Pham acrescenta um visual fabuloso à trama. A jovem Valentina escutou da avó que nunca teria sucesso no amor. Há gerações, os casais de sua família não se entendiam e a menina tinha provas disso. O medo da tal maldição familiar a deixou retraída diante das possibilidades de se apaixonar, até que em um Ano-Novo Lunar, ao assistir uma apresentação da tradicional dança do leão, todas essas crenças serão colocadas à prova.
Valentina é uma adolescente cheia de personalidade, com suas certezas e inseguranças. Apesar do foco na protagonista, a HQ desenvolve muito bem os personagens secundários e consegue espalhar várias surpresas e reviravoltas pelo caminho, enquanto amarra todas as pontas soltas. O amor é um tema central na história, mas há espaço para questões familiares, amizade e muitas referências às culturas tailandesa, chinesa e coreana.
Toda a conexão que sentimos com a obra também é fruto do trabalho de Leuyen Pham na arte. Há muito dinamismo e versatilidade nas páginas e a história transcorre com fluidez. O uso das cores casa perfeitamente com o roteiro e os personagens são cheios de carisma em seus traços.
Publicado pela editora Alt, Uma História de Amor no Ano-Novo Lunar nos deixa com aquele quentinho no coração, que só algumas leituras conseguem. Porém, não pense que esse é mais um romance “água com açúcar” tradicional, há muitas nuances, algumas que ficam nas entrelinhas, e uma abordagem bem pé-no-chão dos relacionamentos. Não é tarefa fácil entregar isso tudo.