De Shiko
136 páginas
Mino | 2019
Visceral e com um regionalismo marcante, Três Buracos só poderia ser uma obra do paraibano Shiko. A identidade de seus trabalhos está em cada canto da HQ. Neste quadrinho lançado pela editora Mino, a brava Tânia nos guia em uma narrativa perfeitamente balanceada entre suspense, terror e drama. O cuidado do autor com a arte é impecável, mas é no roteiro, que flerta com o faroeste e os filmes de terror, que o quadrinho tem sua melhor face.
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Três Buracos é denominada assim por ser marcada por três espaços: o garimpo, o bordel e o cemitério. Um território árido, que parece esquecido por Deus. Lá, Tânia busca, em meio às rochas e aos estouros das dinamites, a maior turmalina já vista, escondida em outros tempos por seu pai. Assombrada por fantasmas e pela própria realidade, Tânia se junta à sua companheira Cleonice e a seu irmão, em um plano.
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O tom sobrenatural e até mesmo sombrio do quadrinho torna a trama ainda mais cortante. Ao mesmo tempo em que a fantasia nos leva aos filmes de terror, vemos na história de Tânia, a realidade de um Brasil miserável. Shiko também foca em seus personagens e seus dramas pessoais para deixar a narrativa ainda mais palpável.
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Com uma arte de encher os olhos, marcada pelo realismo e a força do preto e branco, ora aguado, ora marcante, Três Buracos é uma obra encantadora, que assim como Lavagem, só ressalta o quanto Shiko é um artista completo.