De Nicolas Petrimaux
144 páginas
Taverna do Rei | 2024
Tradução: Mario Luiz C. Barroso
Você quer emoção? Você quer um dos quadrinhos mais divertidos que vai ler este ano? É exatamente isso que o leitor encontra em Ramirez Tem Que Morrer. Uma história simples, contada com magia cinematográfica e a vibração bem-humorada do quadrinista francês Nicolas Petrimaux.
1987, Arizona. Jacques Ramirez é um funcionário exemplar na Robotop, empresa de eletrodomésticos, onde ninguém conserta aspiradores de pó com tanta eficiência e habilidade como ele. Ramirez leva uma vida discreta e silenciosa, executando todas suas tarefas sem a menor insatisfação, embora seu chefe o trate com desprezo.
Certo dia, dois membros de um cartel mexicano encontram e “reconhecem” Ramirez, por acaso. Eles acreditam que ele seja um assassino de aluguel, com o qual seu grupo tem contas a acertar e rapidamente avisam ao chefe, que inicia uma verdadeira caçada. Não há muito tempo para pensar se ele é realmente o Ramirez que o cartel procura ou apenas uma infeliz semelhança.
Pode parecer uma confusão, mas acredite, tudo se funde perfeitamente. A fluidez da narrativa é, ao mesmo tempo, emocionante e inteligente, sem nunca deixar o ritmo cair. É uma dinâmica que engana pela introdução calma, mas logo que entra a ação, avança rapidamente. O personagem principal é carismático e um dos triunfos da HQ é o mistério que o cerca, você nunca tem certeza se esse homem pacífico é ou não um assassino. A todo momento o autor brinca conosco, nos dando pistas e também há espaço para pequenos flashbacks.
Nicolas Petrimaux é um mestre da narrativa visual. Os layouts das páginas são bem pensados e harmônicos. O traço remete a Juan Cavia, de “Balada Para Sophie”, e Rob Guillory, de “Chew”, uma mistura equilibrada de realismo com caricatura. As cores são um charme também. Vale acrescentar que entre os capítulos, temos páginas de anúncios que brincam diretamente com a história e fornecem informações.
Ramirez Tem Que Morrer não tem uma conclusão neste volume. Na verdade, essa edição é a primeira parte, de três. A publicação de estreia da editora Taverna do Rei combina elementos de filmes de ação americanos da década de 1980 e entrega tudo que promete: muita diversão.