De Jean-Pierre Gibrat
140 páginas
Pipoca & Nanquim | 2023
Tradução: Fernando Paz
Se a arte de Jean-Pierre Gibrat era um grande destaque em Destino Adiado, com O Voo do Corvo isso não é diferente. O quadrinista francês segue usando como cenário a França ocupada, durante a Segunda Guerra, para essa história que pode ser considerada uma irmã de sua outra HQ, publicada também pela Pipoca & Nanquim.
Desta vez, o leitor é levado a Paris. Aos telhados de Paris. É lá que estão Jeanne e François, que acabam de fugir da prisão. Ela, uma colaboradora da Resistência, ele, um ladrão um tanto inescrupuloso. O encontro dos dois já anuncia que aquela relação será um dos pontos centrais da HQ, nada muito imprevisível.
Jeanne foi denunciada, por isso havia sido presa e agora precisa se esconder. Ao lado de François, ela vive os próximos dias no Himalaia, um barco no Sena, conduzido por duas figuras peculiares, René e sua esposa Huguette. Mesmo que pareça segura, algo ainda perturba a protagonista, sua irmã pode ter sido presa pela Gestapo.
Os personagens são, sem dúvidas, um ponto alto em O Voo do Corvo. É fácil se afeiçoar a eles, mesmo em uma história curta. No entanto, mesmo que as interações e os diálogos sejam muito bons, é inevitável notar a falta de um senso de perigo no desenvolvimento da trama. Em poucos momentos é possível sentir realmente o risco que Jeanne ou sua irmã correm, pela forma como as situações são tratadas.
Gibrat faz paisagens de encher os olhos, em uma arte aquarelada realista. A estética é crucial para a ambientação. Mesmo que alguns quadros possam parecer mais estáticos, a disposição dos balões colabora para que tudo seja como um filme diante dos nossos olhos.
Conhecer Jeanne, François e seus amigos é uma ótima experiência. Com menos tensão que Destino Adiado, é verdade que é preciso ter uma certa suspensão de descrença para se entregar a essa ficção histórica. Porém, o resultado de O Voo do Corvo é uma obra instigante, que prende o leitor enquanto acompanhamos seus personagens.