De Zeina Abirached
192 páginas
Zarabatana Books | 2015
Tradução: Claudio R. Martini
Uma história delicada, mesmo que envolva muita tensão, O Jogo das Andorinhas – Morrer, Partir, Retornar, de Zeina Abirached, é um bom relato sobre a Guerra Civil Libanesa. O conflito marcou a infância da autora e trouxe muitas memórias marcantes, como a que é relatada nesta HQ.
Acuados pelos bombardeios e pela presença de franco-atiradores, a pequena Zeina e sua família vivem momentos de tensão diariamente. Em uma noite, os pais da menina vão visitar sua avó, que mora a poucas ruas de distância, mas são impossibilitados de voltar para casa quando os bombardeios se intensificam. Zeina e o irmão contam com a presença dos vizinhos, que chegam um a um, para distrair e acompanhar as crianças. Assim, conhecemos um pouco dos impactos da guerra na vida daquelas pessoas e suas expectativas para o futuro.
A história tem um bom ritmo e flui com agilidade. A incerteza sobre a volta dos pais de Zeina para casa e os riscos que eles correm geram um clima de tensão, que é sobreposto pela inocência das crianças e as histórias dos vizinhos. Porém, O Jogo das Andorinhas ganha um desfecho abrupto e até mesmo anticlimático em sua parte final. Isso não afeta a obra como um todo, mas confessamos que foi uma decisão da autora que nos incomodou bastante.
Na arte, Zeina tem forte influência dos traços em preto e branco de Marjane Satrapi. Mesmo com essa referência nítida, a quadrinista usa recursos gráficos interessantes para a narrativa, que engrandecem a obra.
Publicada em 2015 pela Zarabatana, O Jogo das Andorinhas é uma leitura interessante, porém pouco aprofundada, sobre a guerra. Mas, sobretudo, esse é um relato sensível sobre o poder da comunidade.