Ladras

De Lucie Bryon
208 páginas
RISCØ | 2024
Tradução: IlustraLu e Érico Assis

Deliciosa do começo ao fim, Ladras é daquelas obras que a gente não quer que termine. Lucie Bryon usa com perfeição a narrativa gráfica para nos apresentar uma história de amor com caminhos surpreendentes. Ella é apaixonada por Madeleine. Secretamente, é claro. As duas nunca trocaram uma palavra, apenas olhares tímidos. Mas tudo irá mudar quando o destino une as duas jovens, depois de uma festa, um porre e alguns objetos roubados acidentalmente. De quem são aquelas coisas? O que fazer com elas? A sequência dos acontecimentos é inesperada e quanto menos o leitor souber do enredo, melhor.

Ao mesmo tempo despreocupada e intensa, a trama leva a reflexões sobre as ansiedades do período em que estamos consolidando o que queremos apresentar ao mundo. Quem somos socialmente. Lucie Bryon captura muito bem esse sentimento e as sutilezas dos amores, amizades e experiências de ser adolescente. A autenticidade como a autora francesa constrói personalidades é impressionante.

É preciso dizer que é impossível pensar em Ladras sem a unidade precisa entre roteiro e arte, com um visual refrescante, na falta de outra palavra que exprima a sensação de ler essas páginas. A maneira como os balões estão dispostos, as alegorias visuais, a construção dos quadros, a variação divertidíssima das expressões das personagens… a autora consegue fazer o quadrinho se movimentar diante dos nossos olhos. Esse é, sem dúvidas, o ponto alto da HQ.

Uma aposta certeira da Risco Editora, Ladras é a HQ ideal para desfrutar o momento de leitura. Sabe aquela sensação de “nossa, como é bom ler gibi”? É bem possível que você sinta isso ao se deparar com esse quadrinho. A jovialidade está no traço, nas escolhas estéticas, nas cores e, com certeza, na energia que essas personagens transmitem.