De Carlos Trillo e Horacio Altuna
72 páginas
RISCØ | 2022
Tradução: Jana Bianchi
Charlie Moon nos faz viajar para a década de 1930, nos Estados Unidos, com histórias que funcionam tão bem hoje quanto antes. Nosso protagonista é Charlie, um menino pobre que busca sobreviver, em um mundo que ele não entende muito bem. Carlos Trillo e Horacio Altuna trazem cinco histórias ásperas e cruas sobre a perda da inocência, quase que sempre à força.
Vivendo em um país em plena crise econômica, Charlie tenta se virar fazendo “bicos”. Cada episódio do livro destaca o protagonista sofrendo essa ruptura da infância, diante da realidade de um mundo adulto, triste e decadente. Entre os temas abordados, Trillo discute o despertar sexual, o racismo, a violência de gênero e a crueza do capitalismo. Apesar do texto econômico, ele é eficaz e pontual para dar voz crítica a questões relevantes. E é interessante ver como os autores colocam contradições sociais sutis, a partir elementos visuais do quadrinho.
Os desenhos em preto e branco de Altuna são soberbos. Além disso, as composições dos enquadramentos e os semblantes dos personagens possuem tanta expressividade visual, que o leitor não sente falta de texto. Logo, a arte desta HQ diz muito, ela é papel fundamental na condução da história e absorção do enredo pelo leitor.
Publicado no Brasil pela Risco Editora, que também havia lançado O Último Recreio, da mesma dupla, Charlie Moon é uma leitura breve, mas não menos afiada. Uma obra que apresenta um paralelo com o mundo de hoje, em um discurso forte e contundente.