O zine “Desvios Transtornantes”, de Luana Cristini, ganhou o Prêmio Menção Estímulo da Exposição Coletiva de Artes Plásticas na 50ª Semana de Portinari, promovida pelo Museu Casa de Portinari em Brodowski, São Paulo, entre os dias 15 e 24 de agosto. A publicação independente narra uma experiência real de transfobia vivida nas ruas de Ribeirão Preto pela artista. A obra está disponível para compra e leitura online.
O formato do zine permite uma leitura interativa, na qual o leitor escolhe os caminhos que quer seguir na história, resultando em desfechos distintos. A obra combina relato autobiográfico e experimentação gráfica para discutir violência estrutural, resistência e identidade trans. Segundo a crítica de arte Claudia Fazzolari, o livro impresso pode ser manuseado e compreendido como peça interativa.
Essa não é a primeira vez que o zine é premiado. Em novembro de 2024, “Desvios Transtornantes” venceu a categoria Melhor Zine de Quadrinhos Nacional no II Prêmio Ciberpajelanças de Fanzines e Artezines, realizado em Goiânia.

Segundo a autora, o prêmio não é só um reconhecimento pelo seu trabalho artístico, mas também pela necessidade de narrativas que deem voz a pessoas trans e dissidentes por meio da linguagem dos quadrinhos. “A zine é uma ferramenta de denúncia, mas também de sonho e reconstrução”, ressalta Luana Cristini.
Luana Cristini é uma pessoa não-binária, moradora de Ribeirão Preto. Sua produção independente de quadrinhos aborda temáticas sobre o que é ser mulher, violência contra mulher e pessoas trans. Ela também é autora de “Aqueles Dias”, quadrinho finalista em quatro categorias do 36º Troféu HQMix.

Participação na Bienal de Quadrinhos de Curitiba
A autora e suas obras estiveram presentes na Bienal de Quadrinhos de Curitiba, realizada de 4 a 7 de setembro na capital paranaense. No evento, Luana participou do bate-papo “Desenhando sociedades dissidentes: do que foi vivido ao que ousamos sonhar”. Junto de Kael Vitorelo, autor de “Filosofia do Mamilo”, a conversa abordou como o trabalho dos autores servem de ponto de partida para discussões sobre dissidência, representatividade e transformação social.