De Gianluca Piredda e Vincenzo Arces
104 páginas
Da Rosa Estúdio | 2024
Tradução: Lu Vieira
Em Freeman – A Balada de um Homem Livre, Gianluca Piredda e Vincenzo Arces constroem uma trama ambientada na Virgínia do século XIX, em meio às tensões entre abolicionistas e escravistas no ano que daria início à Guerra de Secessão nos EUA. A não premeditada fuga de Theo, um escravizado constantemente coagido pelo capataz da fazenda onde trabalha, é usada como ponto de partida para discutir a irracionalidade da escravidão.
Freeman tem um início promissor, com uma rede de personagens que representam forças antagônicas no cenário estadunidense daquele período. Piredda consegue construir uma boa ambientação, enquanto apresenta ao leitor o cenário da fazenda do sr. Cole e a dinâmica da vida dos escravizados que lá viviam. A apresentação do jovem Theo, que nunca conheceu a liberdade, ainda nos diz pouco sobre ele, mas abre espaço para que tenhamos curiosidade para descobrir mais do protagonista. Por outro lado, temos um vilão clássico, absolutamente unidimensional, o capataz Forrest. Todo o desenvolvimento da trama é bastante firmado nos diálogos, o que funciona bem, mas há sequências completamente expositivas, que inevitavelmente tiram a naturalidade das passagens.
À medida que a história avança, sentimos como a arte de Vincenzo Arces ao mesmo tempo colabora e prejudica o desenvolvimento da trama. O visual, que tende a feições mais realistas, pode soar estático em alguns momentos, principalmente pela composição das páginas e a dinâmica dos quadros.
Lançado originalmente pela revista Skorpio italiana, Freeman será composto por seis volumes na edição brasileira, publicada em uma parceria entre o selo Lorobuono Fumetti e a Da Rosa Estúdio. Uma boa premissa certamente há, apesar de um incômodo ou outro na execução, agora nos resta aguardar para ver para onde a dupla de autores levará Theo e os leitores.