De Jason
68 páginas
Mino | 2021
Tradução: Dandara Palankof
É notável como Jason consegue, com pouquíssimas palavras, transmitir ao leitor sentimentos profundos. Isso não é diferente em Ei, Espera, mais uma obra do norueguês publicada no Brasil pela editora Mino. Neste que foi seu primeiro trabalho, o quadrinista já demonstra todo o seu potencial narrativo, com boas sacadas visuais e a economia de palavras que é presente na maioria de suas HQs.
Dividida em duas partes, a obra aborda inicialmente a infância de dois amigos, Jon e Bjorn. Inseparáveis, os dois brincam, sonham e vivem aqueles momentos típicos de uma vida despreocupada e infantil. Até que uma situação afeta completamente a vida de ambos. Há um contraste marcante entre o tom da primeira e da segunda parte da HQ. Enquanto a primeira é nostálgica, leve e inocente, a segunda se torna melancólica, desesperançosa… triste.
Ei, Espera é um quadrinho sobre as consequências inexoráveis de determinados fatos em nossas vidas. É também uma obra sobre culpa, desilusões e, por que não, sobre o acaso. Tudo isso é abordado de uma maneira muito sutil, mas não menos intensa. Apesar de ser bem amarrada em seus dois tempos, a trama tem um desfecho menos potente, na nossa opinião, dado o restante do quadrinho.
A arte também concisa de Jason, traz os animais antropomórficos que seriam característicos de suas obras. O destaque vai, claro, para a condução visual da narrativa, que é o grande forte do quadrinista.
É difícil que o não leitor saia um tanto desconcertado após ler Ei, Espera. Essa é uma HQ que transmite para quem lê uma melancolia, um sentimento quase amargo. E pensar que Jason conseguiu este feito, em pouco mais de 60 páginas, logo em seu primeiro trabalho, já demonstra o poder deste quadrinista.