De John Layman e Rob Guillory
264 páginas
Devir | 2022
Tradução: Guilherme Miranda e Marquito Maia
O primeiro volume da edição brasileira de Chew: O Sabor do Crime, que corresponde a duas edições norte-americanas, é um ótimo cartão de visitas para uma série de premissa única, que até aqui parece ter como a sua principal força a construção do enredo. Criado por John Layman e Rob Guillory, o quadrinho envolve pela trama criativa, bem escrita e engraçada, além do visual incrível.
Primeiramente é importante entender o universo em que a série se passa. Aqui, uma pandemia de gripe aviária matou milhões de pessoas e levou à proibição do consumo de carne de frango.
Neste universo temos Tony Chu, um detetive com a surpreendente capacidade de receber informações psíquicas de tudo que come. É como se imediatamente ele recebesse flashes contando a história daquilo. Seus poderes são tão aguçados que Chu é recrutado para trabalhar em uma agência de crimes especiais, onde vai precisar levar suas habilidades ao extremo, como recorrer ao canibalismo.
Ao longo da edição, ao mesmo tempo em que a história principal se desenvolve estendendo-se para as próximas edições, o roteiro também tem subtramas independentes. Esses arcos fluem muito bem e se relacionam de alguma maneira com o plot principal. É fundamental ter esse equilíbrio na narrativa, até pela longevidade da série. Afinal, serão seis volumes.
O tom da HQ é descontraído, mas os autores sabem como aumentar a tensão, principalmente tendo em vista a quantidade de cenas de ação e reviravoltas. Outro grande trunfo de Chew são seus personagens. Além do desajeitado e carismático protagonista, o elenco secundário também brilha. Estamos curiosos para ver como muitos deles serão explorados na sequência.
A arte de Rob Guillory é inventiva. Em contraste com o roteiro “nojento”, temos um traço na pegada desenho animado e cores vibrantes, o que ajudam a suavizar o conteúdo. Os painéis também são destaque no visual da HQ. Mesmo no início, quando não tínhamos certeza se a história iria nos cativar, a arte nos prendeu.
Publicado no Brasil pela Devir, Chew é uma leitura deliciosa, com o perdão do trocadilho. Ao final da HQ, estávamos lamentando por não ter a continuação em mãos.