De Shiko
48 páginas
Independente | 2022
No terceiro volume de Carniça e a Blindagem Mística, Shiko nos leva de volta ao cenário árido onde Mazinha e suas companheiras derramam o sangue daqueles que merecem a morte. Não é surpresa que a trama de A Morte Anda no Mundo continue sendo sobre vingança, com mais referências a fatos históricos do sertão dominado pelos cangaceiros, nos idos de 1920.
Agora, o reencontro da protagonista é com Bem-Te-Vi, o homem que um dia foi seu amante. Aquele que ela imaginava, em sua inocência de moça, que um dia a livraria daquela vida. Por sua covardia Bem-Te-Vi é punido, mas isso teria consequências, é claro.
O ritmo nesta terceira parte é mais alongado, focando unicamente na visita de Mazinha e de seu bando ao povoado onde estava o homem com quem precisava fazer seu acerto de contas. Em paralelo a diálogos afiados, Shiko encaixa recordatórios com duas músicas, Te Encontra Logo, de Cidadão Instigado e A Velha da Capa Preta, de Siba e Fuloresta, cujas letras se encaixam perfeitamente com as cenas representadas. A experiência de ler ouvindo as canções fica ainda mais interessante.
A cada volume Carniça e a Blindagem Mística parece ficar mais bonito e mais violento. O vermelho sangue aparece com cada vez mais frequência e as expressões, desde as mais sutis às escancaradas, seguem como um ponto alto da arte aquarelada de Shiko.
É bem verdade que não sabemos quais rumos o autor dará à série. Previsto, inicialmente, para se encerrar neste terceiro volume, Carniça e a Blindagem ainda parece estar delineando seus caminhos. E parafraseando Mazinha, ou melhor Carniça, “é grosso o caderno de fiado de Satanás”.