Calaboca, Fido

19 dezembro 2022

De Eduardo Kasse e Tiago Palma
56 páginas
Draco | 2022

Calaboca, Fido é uma história de guerra que transita muito bem entre os diferentes elementos que o tema pode apresentar. Chico é um soldado brasileiro da FEB que luta no front italiano, durante a Segunda Guerra Mundial, e é ele quem vamos acompanhar no quadrinho de Eduardo Kasse e Tiago Palma. Porém Chico não tem o protagonismo todo para si. Um cãozinho branco, que parece meio mirrado, aparece para trazer uma dose de delicadeza ao cotidiano tenso do combatente.

Ao lado de outros pracinhas, Chico precisa lidar com um cenário catastrófico. O trauma de perder aliados ou de simplesmente lidar com a morte diariamente é notável, seja nas situações ou nos diálogos da HQ. Até que, após uma sequência de infortúnios, Chico se vê sozinho, tendo apenas a companhia do cãozinho que, de forma meio inesperada, passa a acompanhá-lo. Fido é o nome que mais aparece, mas a verdade é que o alívio cômico do quadrinho está no fato de cada vez o protagonista chamar seu amigo canino por um nome diferente: Corisco, Totó, Fubá, Farofa…

A partir desse momento, Calaboca, Fido muda de tom e passa a ser uma história que reflete ao mesmo tempo sobre solidão e companheirismo. A relação entre homem e animal se torna algo essencial para a sobrevivência de ambos. O quadrinho consegue evidenciar isso, ao passo que nunca deixa de lado o fato de ser uma HQ de guerra, dosando os momentos de calmaria e ação. O roteiro é bem ritmado e apenas alguns diálogos parecem menos fluidos, o que acontece em poucos balões.

A arte de Tiago Palma garante uma ambientação imersiva e ótimas cenas de ação. Destaque para as onomatopeias, sempre estilizadas, que estão presentes em vários momentos e fazem com que o leitor pareça ouvir os sons dos tiros, explosões ou ruídos mais triviais, como o “clic” de uma granada.

Publicado pela Draco, Calaboca, Fido ainda conta com um final que intensifica os sentimentos provocados pela HQ. Sempre que consumimos obras sobre guerra, somos levados a refletir sobre a desumanização do conflito. Essa trama propõe exatamente isso, mas encontrou uma maneira diferente de nos comover com o tema.

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