De Junji Ito
208 páginas
JBC | 2023
Tradução: Pedro Hamaya
Uma tentativa frustrada de sulcldi0 coletivo toma rumos inesperados. Black Paradox, mangá de Junji Ito publicado pela JBC, acompanha quatro jovens desesperados – por motivos diferentes – que após se conhecerem em um site, decidem organizar um encontro com o único objetivo: pôr um ponto final em suas vidas.
Como é habitual de suas obras, Ito usa o horror para falar de temas que cercam a humanidade, como pertencimento, autoimagem, ganância e neste caso, em específico, um tema que ronda a sociedade japonesa, a quantidade de pessoas que tiram suas vidas.
Com pitadas de ficção científica, a história segue esses quatros protagonistas que se deparam com uma sequência de eventos malucos envolvendo espíritos, portais, minerais e o governo japonês. E, embora nada disso pareça fazer sentido junto, os tópicos se relacionam muito bem entre si.
Tudo começa quando um dos jovens morre e joias misteriosas começam a sair de seu corpo. Essas joias são uma grande fonte de energia, o que torna o mineral valioso, desejado por médicos e executivos. Logo, eles percebem que um portal foi aberto e, também, uma nova oportunidade de vida. Não conseguimos descrever muito do enredo de Black Paradox sem sentir que estragamos a experiência. É interessante observar como todo esse conceito insano acaba sendo uma forma de discutir a vida moderna.
O enredo é extravagante, assim como acontece em outras histórias de Junji Ito. Porém, o plot dá muitas voltas e se estende mais do que deveria, o que o torna enfadonho e confuso em algumas passagens. Já a arte segue o padrão do autor, com o horror corporal bem retratado e um bom design de personagens.
Compilando ainda outros dois contos, incluindo o excelente A Mulher que Lambe, Black Paradox é mais estranho do que você imagina, mas também é bom… à sua maneira estranha.