De João Pinheiro (Adaptando texto de Plínio Marcos)
128 páginas
Brasa | 2022
Barrela inaugura a coleção Plinião em Quadrinhos da editora Brasa. Assim como Plínio Marcos inaugurou com essa peça sua prolífica carreira. E coube a João Pinheiro transpor o texto para os quadrinhos. Um texto cortante, intenso e visceral, ao qual o quadrinista é muito fiel e colabora no envolvimento do leitor nessa história em que a narrativa gráfica faz aumentar o clima de tensão a cada virada de página.
Olhos arregalados, berros, expressões que podem parecer estranhas para nós. Barrela se passa em uma cela em que seis homens estão encarcerados. Portuga acorda aos berros, após um pesadelo com a esposa, que assassinou após descobrir uma traição. Seus companheiros de cela acordam juntos, revoltados. É difícil pegar no sono e Portuga ainda os acorda com seu sonho perturbador. A partir disso, a história se torna um diálogo intenso entre os personagens, em que não faltam ameaças e violência. É uma sequência de acontecimentos realistas, centrados em uma noite. Realistas não só pelo contexto, mas porque Plínio Marcos escreveu essa história com base em uma situação ocorrida em Santos, na década de 1950.
A linguagem de Barrela é repleta de termos e gírias que marcam não só o momento em que a trama foi escrita mas também a linguagem das pessoas que estão representadas ali. A HQ transpõe exatamente as frases, as expressões, tudo como a peça original e João Pinheiro é decisivo, acrescentando ao conteúdo a beleza (mesmo que aqui sórdida) dos quadrinhos: enquadramentos, suspense, cenas que dão ao leitor a sensação de estar vendo aquelas situações diante de seus olhos. Como é característico da obra de Plínio Marcos, é uma trama pesada que escancara o “submundo”. Uma denúncia, tanto que foi censurada por duas décadas.
Barrela é uma daquelas leituras que desconcertam, que tiram o sono. Não é possível passar incólume. Ter essa obra em quadrinhos é também apresentar Plínio Marcos a novos leitores e que bom que a Brasa terá toda uma coleção para isso.