Adeus, Eri

4 setembro 2024

De Tatsuki Fujimoto
208 páginas
Panini Comics | 2024
Tradução: Felipe Monte

Tatsuki Fujimoto é um dos mais talentosos autores da cena atual japonesa, mais conhecido por seu trabalho em Chainsaw Man. No entanto, se engana quem acha que o mangaka se resume aos battle shonen e seus arquétipos redundantes.

Depois do ótimo Look Back, Fujimoto volta a nos surpreender com uma história enigmática e corajosamente imaginativa, em volume único. Lançado pela Panini, “Adeus, Eri” proclama o amor do mangaka pelo cinema, em uma jornada de luto e memória que traz a narrativa ficcional como ferramenta para compreensão da realidade.

Seguimos Yuuta, um adolescente que, atendendo a um desejo de sua mãe, uma paciente com doença terminal, passa a documentar seus últimos meses de vida. Após a morte dela, Yuuta decide fazer um filme com essas cenas, incluindo uma conclusão ficcional, para exibir em um evento escolar. Seus colegas e professores não compreendem, a exibição é um fracasso e o protagonista fica tão desapontado que decide se atirar do alto de um prédio.

É neste quase trágico momento que conhecemos Eri, uma garota que, dentre todos da escola, foi a única que ficou fascinada pelo filme. Amante e especialista em cinema, ela pede para Yuuta fazer um novo filme para mostrar na escola e fazer com que aqueles que anteriormente debocharam mudem de opinião. A partir daí a história se desenrola em um círculo inventivo, em que a realidade e a ficção se confundem.

O leitor vivencia “Adeus, Eri” pela perspectiva da primeira pessoa, como se estivesse assistindo tudo pela câmera de um celular. A construção da realidade do protagonista provoca um envolvimento total do leitor pelas inúmeras reviravoltas e armadilhas metanarrativas. Essa ambiguidade na narrativa faz o leitor desconfiar dos personagens, dos fatos e dos diálogos.

Na arte, Fujimoto cria com habilidade essa atmosfera cinematográfica. Ele brinca com os quadros horizontais e até com o desfoque em seus desenhos, simulando a inexperiência do protagonista nas gravações.

Tão simples, mas tão complexo, “Adeus, Eri” se reinventa diversas vezes ao longo da história para mostrar que cabe a nós decidir o que fazer com as memórias.

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