Look Back

30 dezembro 2023

De Tatsuki Fujimoto
144 páginas
Panini Comics | 2023
Tradução: Felipe Monte

Duas garotas, as tiras no jornalzinho da escola, uma carreira na indústria dos mangás. O que poderia dar errado? O autor de Chainsaw Man, Tatsuki Fujimoto, apresenta em Look Back uma história salpicada de referências sobre como é crescer desenhando. Fujino e Kyomoto têm personalidades distintas, mas uma vocação em comum. A primeira sempre foi confiante de seu potencial, até se deparar com os desenhos meticulosos da segunda. Poderia ser um mangá sobre rivalidade, mas o mangaká complexifica as relações e abre caminho para uma série de reflexões, mesmo com uma história breve.

Ainda na infância, as meninas têm um encontro inusitado. O resultado disso é uma parceria sedimentada na dedicação de ambas na produção de seus mangás, à medida que crescem. Enquanto Fujino soa extremamente segura de si, Kyomoto lida com a fobia social como um desafio diário. A parceria se transforma em amizade e o mangá consegue extrair sentimentos muito genuínos nas interações entre as personagens.

É curioso o fato de a junção de parte dos nomes das duas protagonistas ser o sobrenome do autor. Mas esse pode ser só mais um indício de que Fujimoto usa a história dessas meninas para expor seus sentimentos, talvez até certa dualidade. Look Back lida com a solidão, o esforço e a aptidão nata que formam um mangaká. Porém, não deixa de lado o fator humano que é a base do drama neste quadrinho. Afinal, nos emocionamos mesmo é com a relação que surge entre as garotas.

Fujimoto diz mais com as cenas do que com as palavras e é bastante econômico nos diálogos. No entanto, nem sempre esse recurso é claro. É preciso estar atento à trama e aos indícios deixados na arte. Os traços do mangaká oscilam entre mais soltos e mais precisos, de acordo com o que a trama pede, e o layout das páginas é outro destaque.

Lançado pela Panini, Look Back provoca, em suas 144 páginas, uma conexão entre leitor e história impressionante. Mesmo que carregue pequenos clichês e deixe mais perguntas do que respostas, o drama construído é efetivo em ambos os caminhos propostos: o metalinguístico e aquele centrado na própria história.

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