De Zidrou e Paul Salomone
96 páginas
Comix Zone | 2024
Tradução: Flávia Yacubian
A Rainha dos Insetos, de Zidrou e Paul Salomone, tem ares de fábula. No reino de Shandramabad, a rainha Shikara decide tomar uma decisão drástica, após a morte do filho em um acidente, enquanto brincava com um pássaro, dado de presente pela mãe. Nenhuma ave poderia mais habitar o reino. É com essa premissa instigante que o roteirista nos convida a embarcar em uma história que no início fascina, mas se descaracteriza no processo.
Antes de se transformar em uma soberana rigorosa, Shikara já havia enfrentado o luto antes. Seu marido morreu quando ela estava grávida. Os gêmeos Gorakh e Jalna se tornam a razão de viver da mãe, por isso é justificável que a morte do menino provocasse tamanha ira da rainha. Sua autoridade é desafiada quando a princesa Jalna, agora uma jovem de 17 anos, conhece o ladrão Akbar. O que se segue é uma mudança de ritmo e tom na história.
Toda a segunda metade é acelerada e não parece condizer com o que aquilo que nos foi apresentado, até então. Além disso, o desfecho é abrupto, como se houvesse poucas páginas para elaborar uma conclusão. O tema central da expulsão dos pássaros é ofuscado, para que um romance possa florescer, o que deixa a conclusão mais previsível.
O único ponto que permanece equilibrado é a bela arte de Salomone, repleta de elementos inspirados na cultura indiana, desde a arquitetura até as feições dos personagens e seus trajes. À medida que a trama avança, a sensualidade se torna mais presente e até um pouco de erotismo.
A Rainha dos Insetos está aquém de muitos dos trabalhos de Zidrou. O roteirista, que sabe muito bem como encaixar sentimentos diversos em suas obras, aqui, nos deixa a sensação de incompletude. Publicado pela Comix Zone, o quadrinho constrói uma base encantadora, que não é o suficiente para sustentar as decisões de seu desenvolvimento.