De Florent Ruppert e Jérôme Mulot
156 páginas
Zarabatana Books | 2024
Tradução: Lielson Zeni e Maria Clara Carneiro
E se o nosso mundo fosse coabitado por criaturas de diferentes formas e tamanhos, vivendo em harmonia com os seres humanos. No primeiro volume de A Parte Extraordinária, Florent Ruppert e Jérôme Mulot nos apresentam aos “Todas” um grupo de seres que apareceram repentinamente na Terra e se tornaram parte do cotidiano. O jovem Orsay se depara com eles em várias ocasiões, mas uma delas é especialmente surpreendente: ao tentar afugentar um Todas, suas mãos ganham as características da criatura. Agora, seus dedos podem tomar qualquer forma, como longos tentáculos que já não se parecem mais com mãos humanas.
A dupla de autores consegue nos deixar completamente imersos na história. A ambientação e a maneira como aos poucos vamos entendendo a dinâmica dessa realidade são muito convincentes. Identidade e preconceitos são discutidos através da história, afinal, à medida que a trama avança, Orsay verá que ele não é o único e que nem todos os outros híbridos entre humanos e Todas reagem da mesma forma que ele.
Há ainda um toque de dilemas da juventude, que são pincelados nas relações entre o protagonista e os personagens que conhece no caminho. Embora nem todos os contatos pareçam naturais e algumas relações soem aceleradas, a rede que se forma é o suficiente para manter o nosso interesse.
A arte se destaca principalmente pela fluidez como esses seres amorfos e tudo o que os envolve são representados. O traço é bastante solto, com uma estética muito atraente aos nossos olhos. Destaque também para a narrativa gráfica, que conduz muito bem o ritmo, além de ter um cuidado especial com os momentos de contemplação presentes na história.
Concluído em três volumes, A Parte Extraordinária tem em seu volume inicial o convite perfeito para que o leitor seja cativado pela série. Todo o desenvolvimento da HQ publicada pela Zarabatana instiga nossa curiosidade para os eventos a seguir. São muitas perguntas e uma realidade bastante fértil a ser explorada.