De James Tynion IV, Álvaro Martínez Bueno e Jordie Bellaire
384 páginas (Vol.1 192 páginas e Vol.2 192 páginas)
Panini Comics | 2023 – 2024
Tradução: Rodrigo “Roska” Oliveira e Leo “Kitsune” Camargo
Depois de receber prêmios e elogios calorosos de grande parte da mídia especializada em todo o mundo, A Bela Casa do Lago, de James Tynion IV, Álvaro Martínez Bueno e Jordie Bellaire, parecia uma daquelas experiências tentadoras, sustentadas por um mistério intrigante. Porém, infelizmente, o quadrinho não consegue se firmar e concluir suas boas ideias.
A Bela Casa do Lago segue um grupo de dez pessoas que vão passar férias em uma luxuosa casa a convite de um amigo em comum. Todas estão juntas porque de certa forma fizeram parte, algumas mais, outras menos, da vida de Walter, o anfitrião misterioso para o leitor. Tudo parece perfeito, mas logo os convidados descobrem que fora dali, o mundo está um completo caos, e a humanidade caminha para a extinção. A viagem toma um rumo inesperado e este paraíso vira uma prisão isolada, porque também é o único lugar onde eles podem ficar.
Este thriller apocalíptico te fisga ao longo do primeiro volume, levando o leitor a fazer teorias à medida que a história avança. James Tynion IV faz um ótimo trabalho na construção da tensão. É um processo lento, mas que funciona bem. Expectativas são criadas, só que o mistério nunca cumpre, de fato, o que promete. A sensação é de que a narrativa é desenvolvida em círculos e, para piorar, a conclusão dá margem para o desenvolvimento de uma sequência, enquanto o que se espera ao longo dos dois volumes é um ponto final.
Por outro lado, o trabalho visual de Álvaro Martínez Bueno é impressionante. Os layouts são bem construídos, as páginas duplas e todo o design da obra desempenham um papel muito importante para criar tensão. Já a caracterização dos personagens não funciona tão bem, volta e meia é possível se perder tentando entender quem é quem. Aliás, essa é também uma das falhas do roteiro, afinal, alguns personagens parecem subaproveitados, sem substância para que o leitor se importe com eles.
A Bela Casa do Lago brinca com o mistério no primeiro volume e acaba se tornando uma história menos empolgante, a cada página da segunda parte. É uma HQ que soa desesperada para discutir as relações humanas, mas que não dá realmente espaço para que isso aconteça.