De Zidrou e Judith Vanistendael
80 páginas
Moby Dick | 2022
Tradução: Marcella Abboud
A Baleia Biblioteca segue o caminho das fábulas: uma história que brinca com nosso imaginário e que tem como objetivo final transmitir uma mensagem que impacte o leitor. Para isso, o roteirista Zidrou conta com a bela arte de Judith Vanistendael, fundamental nesse processo. Na trama, um canteiro marítimo viaja pelo oceano para entregar correspondências. Uma profissão inusitada, mas, mais inusitado mesmo, é seu encontro com uma baleia milenar que carrega, dentro de si, uma biblioteca imensa. Dali surge uma bela amizade.
Narrada com um texto sensível e salpicado de jogos de palavras, principalmente na primeira metade, a história se desenvolve em um ritmo leve. Mas nesse mar calmo, de repente, surge uma reviravolta chocante. Com o inesperado, Zidrou brinca novamente com nossas expectativas, como havia feito em A Adoção, e prova que esta é mesmo uma fábula para adultos.
A fantástica baleia é uma figura que representa o compartilhamento do conhecimento, de uma forma lúdica. Quando o carteiro adentra à biblioteca, ali parecem estar os livros que guardam as histórias mais fantásticas, ao alcance de qualquer ser das profundezas do oceano. Sua amizade com o carteiro é o encontro de dois mundos distintos, que muitas vezes insistem em não coexistir.
Na aquarela de Judith vemos cenários lindos, momentos íntimos, encontros e despedidas. É uma arte fluida, com quadros amplos, que refletem a imensidão do oceano, e tão delicada quanto o próprio roteiro.
Publicada pela Moby Dick, A Baleia Biblioteca é daqueles quadrinhos que fazem a voz embargar e deixam nossos pensamentos correrem. É uma obra cheia de significados, evidentes e ocultos. É impossível sair ileso.