De Box Brown
272 páginas
Mino | 2023
Tradução: Dandara Palankof
Em O Efeito He-Man, novo documentário em quadrinhos de Box Brown, o autor aborda a prática da indústria de brinquedos de projetar produtos e influenciar o comportamento humano, impulsionado pela TV, ao ponto de gerar um ciclo constante de consumo e uma rotina cultural de nostalgia.
Apesar de focar principalmente nos acontecimentos a partir dos anos 80, Brown traça um rápido panorama desde o uso da propaganda militar no Império Romano para influenciar a sociedade, passando pelo incentivo à Primeira Guerra Mundial, o consumo do cigarro pelas mulheres, os primeiros produtos Disney e por aí vai. Não demora para o autor chegar ao tópico ao qual ele realmente quer se dedicar: a televisão como porta de entrada para o consumo desenfreado. E é aqui que Box Brown investiga sobre as estratégias de negócios, como grandes empresas planejaram o marketing de figuras que hoje fazem parte da cultura popular.
Fruto desta geração, o próprio autor foi uma das crianças moldadas pela televisão. Ele detalha o caminho e o impacto dessa “publicidade casada” entre programas de TV e brinquedos, as consequências geradas pelo apelo atemporal nos adultos, e o surgimento de políticas de regulamentação para evitar a manipulação infantil.
Os desenhos trazem um design minimalista, com um traço limpo, poucos detalhes na arte e muitos recordatórios. Ou seja, a linha tradicional de Box Brown para contar histórias visualmente. Porém, diferente de outros títulos do autor, que caíam em uma narrativa enfadonha, O Efeito He-Man é fluido e dinâmico, uma leitura prazerosa de acompanhar. Sem dúvidas, o melhor quadrinho de Brox Brown já publicado no Brasil.
Publicado pela Mino, como a maioria de suas obras, O Efeito He-Man, na verdade, não traz nenhuma revelação. A influência das mídias de massa não foi descoberta agora. No entanto, a pesquisa e os bastidores do mercado fazem a HQ ser o que ela é: um mergulho na história dos brinquedos e nas estratégias que moldaram as gerações modernas. Além de ser um ótimo lembrete de como as conexões emocionais são atemporais.