De Jiro Taniguchi
284 páginas
Pipoca & Nanquim | 2024
Tradução: Drik Sada
O Diário do Meu Pai, de Jiro Taniguchi, é um drama familiar centrado na luta de Yoichi para reconciliar sentimentos complexos e conflitantes em relação ao pai, Takeshi. Sem ter um tom piegas, o mangá explora o que há de mais íntimo na memória, no processo de imaginar quem é realmente uma pessoa, quando ela não está ao alcance dos nossos olhos.
Publicada pela Pipoca & Nanquim, a história acompanha um designer que trabalha em Tóquio. Por conta da rotina e por não lidar bem com os fantasmas do passado, ele não visita o pai há muitos anos. Mas com a morte dele, Yoichi precisa retornar para sua cidade natal para reencontrar sua irmã, madrasta e família. E é nesses encontros com os familiares no velório que o protagonista vai relembrar seu passado e também “conhecer” realmente o seu pai.
Taniguchi constrói seu mangá como uma coleção de memórias da infância do protagonista, algumas felizes, outras nem tanto. À medida que Yoichi conversa com seus parentes, na cerimônia de despedida do pai, navegamos ao lado dele pela história de sua família e buscamos respostas, muitas vezes nas entrelinhas, de sentimentos que nunca foram explicados e para os quais não haverá respostas definitivas. Há ainda um olhar para a visão patriarcal do Japão, quando o assunto diz respeito a sua mãe, que deixou o esposo e os filhos quando Yoichi ainda era criança.
É um quadrinho em que a tensão emocional surge nas contradições: pai e filho são tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão parecidos. À medida que o protagonista passa a compreender o homem que o criou, mais ele percebe o quanto ele não conhecia todas suas faces, apenas a paterna.
Sensível, mas não menos devastador, O Diário do Meu Pai é um retrato marcante de relações familiares complexas. Um mangá que embarca o leitor numa viagem íntima que também nos expõe a nós mesmos.