De Saif A. Ahmed e Fabiana Mascolo
160 páginas
Zarabatana Books | 2023
Tradução: Marcelo Saravá
Yasmin é uma jovem iraquiana que vê sua vida ser completamente mudada pela invasão do Estado Islâmico no país. Na HQ que leva seu nome, somos apresentados à sua história emocionante, em duas linhas temporais distintas. Com roteiros do também iraquiano Saif A. Ahmed e arte de Fabiana Mascolo, Yasmin é uma obra ficcional que explora com sensibilidade um contexto atual, apesar de se aproveitar de uma sequência de clichês no caminho.
Logo nas primeiras páginas, já nos deparamos com a estrutura narrativa que domina a HQ. A história se inicia no presente, mas logo somos levados a alguns meses no passado para acompanhar paralelamente os fatos da vida da protagonista e de sua família. Assim, ao mesmo tempo em que vemos Yasmin chegar aos Estados Unidos e se reencontrar com seus pais, também descobrimos como eles viviam antes da invasão. Sem transições muito evidentes, apenas na sutileza dos enquadramentos, o recurso funciona bem e dá dinamismo à forma como somos apresentados aos paralelos dessa trama, mas logo na segunda metade a fórmula parece mais cansativa.
Enquanto esteve longe de seus pais, que conseguiram fugir do Iraque, Yasmin precisou enfrentar situações desumanizantes. Com apenas 16 anos, foi vendida e escravizada por um dos membros do Estado Islâmico e precisou se manter emocionalmente inabalável para cogitar uma fuga. Todo o trauma permanece em sua nova vida, nos EUA. Como lidar com essas memórias? Poderia alguém entender aquilo que ela passou?
A sensibilidade está sobretudo na abordagem, seja graficamente ou no texto. A arte de Mascolo oscila em algumas páginas, mas tem uma boa diagramação e cenas de impacto. Por outro lado, a HQ busca desenvolver mais temas do que parecem necessários para o andamento da trama. É assim que Yasmin se torna mais previsível, à medida que nos aproximamos do fim.
Lançado pela Zarabatana Books, Yasmin prende a atenção do leitor e o faz se importar não apenas com a protagonista, como também com os personagens ao seu redor. É uma obra que parece se perder em alguns momentos, mas ainda assim consegue nos tocar.