De Nina Bunjevac
160 páginas
Zarabatana Books | 2022
Tradução: Claudio R. Martini
Nina Bunjevac é uma quadrinista canadense de origem sérvia. Em 2019, a autora teve uma estreia muito elogiada no Brasil com a HQ Bezimena, publicada pela Zarabatana Books. Agora, a editora traz Bunjevac de volta com Terra Pátria, obra autobiográfica anterior a Bezimena, em que a autora visita um passado turbulento na história de sua família.
Para contar essas memórias, Nina fez uma extensa pesquisa em suas origens, quase uma investigação, voltando várias gerações para entender e explicar como os eventos moldaram seus pais. Por isso, é impossível contar essa trama familiar, sem comentar a história geopolítica da região dos Balcãs, da ex-Iugoslávia no século XX e seus conflitos territoriais. Terra Pátria é uma obra autobiográfica e documental, ao mesmo tempo.
Sobre a HQ, temos o pai de Nina, um nacionalista sérvio que se envolveu em atividades terroristas, como o grande centro da trama. Tal envolvimento obrigou sua mãe a fugir de casa e levar com ela a autora e sua irmã ainda crianças. Bunjevac, a partir desse drama familiar, traça um panorama bem didático e informativo sobre o conflito na região e o nacionalismo do povo sérvio. Inclusive, como essas circunstâncias levaram seu pai a se tornar um terrorista.
Assim, como em Bezimena, a atmosfera da HQ é amarga e dura, com grande intensidade dramática. A autora se mantém distante, sem julgar os atos, deixando tudo a cargo do leitor. Precisamos dizer que a construção da narrativa não é simples. Não chega a ser confusa, mas também não é bem entrelaçada. Apenas poderia fluir melhor. Este é o ponto “fraco” do gibi, na nossa opinião.
As ilustrações são repletas de pequenos pontos e hachuras, em preto e branco, como vimos também em Bezimena. É um estilo visual que chama muita atenção, até pela aparência fotorrealista e fria.
Terra Pátria é um quadrinho perturbador sobre uma família que foi despedaçada. Nina Bunjevac, através da história de sua “casa”, explica sobre gerações de tensões étnicas e territoriais nas regiões dos Balcãs. Uma prova de como é mais prazeroso conhecer histórias do mundo, por meio das narrativas pessoais.