Stuck Rubber Baby

12 julho 2021

De Howard Cruse
240 páginas
Conrad | 2021
Tradução: Dandara Palankof

Stuck Rubber Baby, de Howard Cruse, é um quadrinho forte, denso e reflexivo. Uma obra que, mesmo ambientada nos anos 60, ecoa nos dias atuais. Racismo, homofobia, fanatismo religioso e abuso de autoridade são alguns dos temas abordados nesta história que vai te impactar por dias. Infelizmente, seguimos presenciando tais atrocidades hoje em dia e Stuck Rubber Baby é um alerta, um alerta de que o amor pode vencer.

Através de uma história ficcional, com elementos autobiográficos, Howard nos apresenta a Toland Polk, um jovem gay não assumido, que vive no sul dos Estados Unidos num cenário de segregação racial e de crueldade com as minorias. Sua vida muda quando conhece Ginger, uma garota por quem ele se interessa e tenta, desesperadamente, se apaixonar. Essa amizade faz com que Polk frequente novos espaços, participe de movimentos pelos direitos civis e, de certa forma, o encoraja a viver de uma maneira mais plena.

A primeira metade da HQ pode ser um tanto difícil. Além da quantidade de texto, o autor apresenta vários personagens de uma só vez. No entanto, à medida que a história avança, você vai se envolvendo com o universo criado e passa a ter empatia por aquelas pessoas, a ponto de sofrer e sorrir com os acontecimentos. Esse é o ponto alto do gibi, a construção dos personagens. Todos são aprofundados e realistas. Por isso, vá com calma, aos poucos a trama irá conquistar você.

O traço de Howard Cruse é belo, totalmente trabalhado em hachuras. Destaque para a ambientação, com painéis detalhados e deslumbrantes. A edição ainda conta com vários extras, com curiosidades sobre a obra e mais informações sobre Howard Cruse, que faleceu em 2019.

Publicado pela editora Conrad, Stuck Rubber Baby é poderoso e cheio de motivos para entrar na lista de melhores do ano. Muito mais do que uma trama sobre amadurecimento, este é um quadrinho sobre muitas histórias, com muitos pontos de vista. Uma obra que te coloca na pele do outro e te convida a ter uma visão realista sobre a intolerância e sobre o porquê jamais podemos dar espaço para o ódio.

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