De Chabouté
380 páginas
Pipoca & Nanquim | 2019
Tradução: Pedro Bouça
Alguns quadrinhos revivem em nós, em meio a tantas leituras, o motivo pelo qual nos fascinamos pela nona arte. Solitário, de Christophe Chabouté, é desses quadrinhos que nos enchem de encanto e fluem com uma leveza ímpar. O terceiro quadrinho do autor francês publicado no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim é, para nós, sua obra mais cativante.
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Demoramos muitas páginas para conhecermos, de fato, nosso protagonista. Mas os mistérios que o cercam conduzem a HQ desde as primeiras páginas. Sabe-se que ele é um homem desfigurado, que jamais deixou o farol onde nasceu, há 50 anos. Após a morte dos pais, o único contato que ele tem com o mundo são as caixas de mantimentos que dois marinheiros deixam às margens da ilha, para garantir sua sobrevivência.
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Essa é apenas a base de uma narrativa que diz muito com o silêncio e tem como marcas a ternura e a sensibilidade. Quando acompanhamos de perto o protagonista, sentimos ao lado dele o peso da solidão, mas, ao mesmo tempo, nos divertimos com a maneira que ele desenvolveu para ver o mundo. É justamente ao acompanharmos a silenciosa rotina desse eremita que criamos um laço com o personagem.
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A arte, sempre marcante pelo contraste entre preto e branco, é um dos pontos altos do livro. Nos traços de Chabouté, qualquer situação cotidiana ganha um toque de peso e drama. Outro destaque é o uso dos quadros e das sequências, que nesta HQ são essenciais para o desenvolvimento da obra.
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Solitário é um quadrinho que nos toca, envolve e, sem dúvidas, nos deixa com uma sensação de deslumbramento ao final da leitura. Uma obra que merece elogios desde o acabamento ao conteúdo, e que já entrou para a lista de melhores do ano.