De Guilherme Petreca e Thiago Minamisawa
164 páginas
Pipoca & Nanquim | 2021
O trabalho de Guilherme Petreca e Thiago Minamisawa em Shamisen – Canções do Mundo Flutuante é encantador. A dupla nos transporta em uma viagem pela cultura japonesa, ao som do instrumento que dá nome ao quadrinho. Na HQ, acompanhamos Haru, uma goze, nome dado a artistas cegas que ganhavam a vida fazendo apresentações musicais. Com seu shamisen, a protagonista (inspirada na famosa goze Haru Kobayashi) caminha por diversas regiões, se expressando através da música.
O fato de Haru ser cega é explorado no quadrinho de uma maneira gráfica interessantíssima: os autores usam a narrativa em quadrinhos para expressar os sentidos da protagonista. Ao longo da trama vamos conhecendo aspectos da cultura nipônica, deidades, sempre caminhando pacientemente ao lado da goze. A trama possui um balanço leve, com um ritmo que não é lento, mas traz uma sensação contemplativa para o leitor. Tudo flui de uma maneira agradável, nos envolvendo na poesia do texto e da arte.
O casamento bem-feito entre esses dois elementos é essencial para Shamisen ser uma obra sensível. Minamisawa e Petreca conseguem entregar uma HQ que nos faz pensar sobre os diferentes sentidos da vida, em uma experiência sensorial muito rica. Os painéis de Petreca estão absolutamente deslumbrantes e carregados de referências da arte ukiyo-e, tanto nas cores quanto nos traços.
Uma leitura leve, como um respiro no meio de tudo o que temos que lidar cotidianamente, Shamisen – Canções do Mundo Flutuante é uma carta de amor ao Japão e sua cultura e uma forma muito envolvente de apresentar tudo isso para os leitores brasileiros. Publicada pela editora Pipoca & Nanquim, em seu selo de originais, a HQ conseguiu nos transportar para um ambiente de paz, ao som do shamisen.