O mercado de quadrinhos italiano foi surpreendido pelo quadrinho mais vendido do país: “Ridi che è meglio” (Ria, é melhor, em tradução livre), de Pera Toons. O projeto de Alessandro Perugini conta com 300 mil cópias vendidas desde o seu lançamento em 2020. As expectativas é que essa marca fosse de ninguém menos que Zerocalcare.
Michele Rech, conhecido como Zerocalcare, é de longe o quadrinista mais famoso na Itália atualmente. Seus álbuns são um sucesso de público, com milhões de cópias vendidas no país, somados todos os seus títulos. No Brasil, “Kobane Calling” foi publicado pela Nemo e “A Profecia do Tatu” chegou pela Poseidon. Esta última foi adaptada para uma série animada, “Entrelinhas Pontilhadas”, lançada pela Netflix. O quadrinista também tem outra animação na plataforma, “Este Mundo Não Vai me Derrubar”, e uma terceira está em desenvolvimento.
A pesquisa que elegeu “Ridi che è meglio” como a HQ mais vendida da Itália foi feita pela GfK, empresa que monitora o mercado editorial italiano, que apontou que o trabalho de Perugini é o primeiro quadrinho a atingir o recorde de 300 mil cópias desde o início da contabilização, em 2008. Já “A Profecia do Tatu”, o título mais conhecido de Zerocalcare, vendeu “apenas” 200 mil cópias desde seu lançamento, em 2011.
Enquanto os trabalho se Zerocalcare retratam vivências do próprio autor e têm como público alvo uma audiência mais madura, Pera Toons publica coleções de tiras feitas para o Instagram com um humor rápido recheado de trocadilhos para o público jovem e infantil. Para muitos esta é a principal razão pela qual “Ridi che è meglio” tem um desempenho surpreendente.
Além da popularidade entre as crianças, a obra é sucesso nas redes sociais. Em entrevista ao site italiano especializado em quadrinhos Fumettologica, o autor destaca que desde o início ele buscou agradar o público. “Sempre acompanhei os gostos das pessoas, pesquisando curtidas e feedback instantâneo dia após dia”, completa o autor.

Mara Famularo, especialista em quadrinhos da revista Internazionale Kids, aponta que o trabalho da Pera Toons é ótimo para quem está aprendendo a ler, “são [tiras] curtas, diretas e estruturadas para guiar o leitor com clareza”. Matteo Stefanelli, diretor do Fumettologica, adiciona que o humor das tirinhas, que costuma ser um trocadilho ou jogo de palavras, cria desafios para o leitor, que na maioria dos casos são crianças no processo de alfabetização.