De Chris Ware
356 páginas
Quadrinhos na Cia. | 2021
Tradução: Caetano W. Galindo
Um dos quadrinistas mais influentes em atividade, Chris Ware oferece, em Rusty Brown, um mosaico de histórias interligadas, que expõe, de forma elegante, a fragilidade humana. A HQ nos mostra, através de quatro partes, que estamos dolorosamente conectados. Melancólico, estranho e nada convencional, Rusty Brown é brilhante.
O quadrinho é uma coleção de histórias que o autor vem publicando desde 2001, em paralelo com seus outros livros. Nele, acompanhamos a vida mundana de personagens, em um canto de Nebraska, conectados de uma forma ou de outra. Ao primeiro olhar, esses protagonistas podem parecer desinteressantes, mas não se engane. Ware nos conduz por uma narrativa dinâmica (e incomum), com ótimos diálogos, que nos mostram o quanto seus personagens são extremamente humanos. Todos nós somos figurantes nas vidas de outras pessoas, e isso é o que Rusty Brown evidencia.
Depois de se acostumar com o estilo dos painéis, com o vai e vem do roteiro, enfim, com a forma de Ware contar a história, é difícil não se sentir fisgado pelo quadrinho. É uma obra que estimula a reflexão sobre a falta de comunicação entre as relações humanas, a vulnerabilidade, a empatia, o preconceito e muito mais. Será raro encontrar uma pessoa que não tenha qualquer laço de identificação durante a leitura.
Ware impressiona com sua habilidade incrível de criar painéis inventivos. No entanto, esses layouts – fora do comum – podem afastar parte do público. E, convenhamos, isso torna a leitura mais exaustiva também, o que faz deste um gibi para ser desfrutado com paciência, no seu devido tempo.
Rusty Brown é embarcar no mundo de Chris Ware. Cada história ali carrega o que há de mais humano e desumano em nós, um reflexo crítico das nossas ações cotidianas na vida dos outros. Arrebatador.