Reflexos do Mundo: Trabalhar e Viver

17 março 2025

De Fabien Toulmé
360 páginas
Nemo | 2025
Tradução: Bruno Ferreira Castro e Fernando Scheibe 

O segundo volume da série Reflexos do Mundo, Trabalhar e Viver, traz no título seu tema central. As relações entre pessoas e o trabalho em diferentes culturas são abordadas por Fabien Toulmé, em um formato que vai do jornalismo ao relato de viagem. Desde Na Luta, também publicado pela Nemo, já havíamos nos encantado pela série e este volume nos pareceu ainda mais impactante, o quadrinista francês se empenha em transmitir ao leitor não apenas as histórias das fontes que ouviu, mas também as experiências que viveu enquanto esteve ao lado desses personagens da vida real.

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O quadrinho passa pelos Estados Unidos, Coreia e Ilhas Comores. Em cada país, Toulmé colhe histórias que dão desdobramentos ao assunto. As demissões voluntárias em massa, pós-pandemia, o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, o peso que ele tem nas nossas vidas na modernidade, o fenômeno da uberização e várias outras questões ganham um rosto através dos relatos de Austin, Hyun-Cheol, Zaidou, Gabby e tantos outros. Assim como no primeiro volume, o quadrinista traz interlúdios em que conversa com uma especialista, nesta edição com Dominique Méda, para fazer análises sociológicas sobre essas histórias.

Embora seja um tema denso, com muitos pontos a serem abordados, Reflexos do Mundo: Trabalhar e Viver torna tudo fluido, como se embarcássemos nessas viagens ao lado de Toulmé. O modo como o humor é empregado, aliado à fluidez da narrativa — que intercala flashbacks, alusões e situações da entrevista —, é essencial para que a HQ mantenha o ritmo envolvente, evitando que a leitura se torne cansativa ou arrastada.

Seja com histórias autobiográficas ou ficções, Fabien Toulmé já se provou várias vezes como um grande contador de histórias. Mas é na face em que flerta com o jornalismo, como nesta série ou na também ótima Odisseia de Hakim, que o quadrinista encontra seu auge, em um equilíbrio perfeito entre a pertinência de seus temas e a força dos relatos apresentados. É impossível sair desta leitura sem refletir, nem que por alguns minutos, a nossa própria relação com o trabalho.

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