De Kevin Eastman e Simon Bisley
116 páginas
Pipoca & Nanquim | 2024
Tradução: Bernardo Santana
Exagerado, grotesco e caótico, Contagem de Corpos é completamente diferente do que você conhece das tradicionais HQs do universo das Tartarugas Ninja. Nesta história, o cocriador da franquia, Kevin Eastman, se une ao artista Simon Bisley para entregar um quadrinho que compensa a falta de enredo com ação acelerada e muito sangue.
Protagonizada por Casey e Rafael, a história se passa na Nova York dos anos 90. A fraqueza de Casey por mulheres coloca a dupla em apuros quando eles cruzam o caminho de Meia-Noite, uma atraente mulher que está sendo caçada por um grupo de assassinos liderados por Johnny, um matador de aluguel. A partir desse encontro, a trama se desenrola em uma longa sequência de perseguições que vai colocar os três personagens juntos enfrentando esse interminável batalhão de bandidos.
A proposta de uma abordagem mais sombria e sanguinolenta é, sem dúvidas, interessante. Foi isso que despertou nosso interesse pela HQ: a curiosidade de ver as Tartarugas de um jeito completamente diferente do habitual. E, de fato, essa mudança acontece. O quadrinho mostra Rafael atirando para todos os lados, por exemplo. No entanto, mesmo com essa versão e um enredo propositalmente genérico, a trama não se desenvolve de forma envolvente. Os eventos acontecem tão de repente, que acabam dificultando a compreensão do leitor. Não há tempo para focar na história, tudo acontece de maneira atropelada, o que é bastante decepcionante. No fim, acaba sendo apenas um amontoado de cenas de ação.
Simon Bisley traz aquela estética noventista típica dos quadrinhos da Image Comics da época, com personagens de proporções exageradas e vários outros códigos do período. Dito isso, nossa relação com sua arte é ambígua: há cenas de ação que realmente são muito boas, mas em vários momentos, o caos visual torna a narrativa difícil de acompanhar.
Publicado pela Pipoca & Nanquim, Contagem de Corpos promete mais do que entrega. Apesar da proposta interessante, a narrativa caótica torna a leitura frustrante. Para quem busca apenas ação desenfreada, pode até ser uma experiência divertida, mas não vai além disso.