De Ed Piskor
416 páginas
Devir | 2024
Tradução: Marquito Maia
Assassinatos transmitidos ao vivo para entretenimento, nas profundezas da internet. Red Room – A Rede Antissocial, escrito e desenhado por Ed Piskor, explora a monstruosidade do ser humano. Em um quadrinho que deve ser mantido fora do alcance de crianças e pessoas sensíveis, o autor norte-americano não poupa violência gráfica para chocar os leitores.
Na história, as ‘Red Rooms’ estão cada vez mais populares. Espectadores pagam para testemunhar transmissões ao vivo de tortura e o que de mais horrível que você possa imaginar. Nesse “reino virtual” em que é impossível rastrear os usuários, a crueldade está em todos os cantos, dos responsáveis por protagonizar as cenas brutais aos comentários e “recompensas” financeiras do chat. Piskor propõe contar histórias por trás desses crimes, das “estrelas”, das vítimas, de todo o universo sujo que esse mundo envolve.
A edição da Devir compila a série completa, que não foi pensada como uma história tradicional-contínua mas, sim, idealizada como uma construção de mundo. O autor oferece tramas independentes em seus capítulos. Algumas se conectam, outras não, mas juntas elas têm o objetivo de desenvolver esse universo narrativo.
Apesar da proposta de construção de mundo, a abordagem da HQ é cansativa. É tudo tão “crueldade por crueldade” que na metade do gibi o leitor já está desgastado com tanta repetição. Além disso, alguns capítulos sofrem com o ritmo lento, sentimos falta de mais consistência narrativa.
Já o visual do quadrinho é impressionante. Com vários tons de cinza, Ed Piskor é muito criativo para criar cenas grotescas e perturbadoras. Outro ponto que merece destaque também é o design usado para representar as transmissões ao vivo.
Red Room é uma leitura que se limita a ser chocante, mesmo quando tem pretensão de trazer reflexões mais profundas. Esqueça a mensagem e leia pela “diversão”.