De Alex Ross
64 páginas
Panini Comics | 2022
Tradução: Mario Luiz C. Barroso
Uma história sem clímax, envernizada por uma explosão visual. Quarteto Fantástico: Ciclos, de Alex Ross, impressiona o leitor logo de imediato pelos desenhos, mas no final a sensação que fica é de que todo o trabalho de arte não foi o suficiente.
A história em si é bastante simples. O aparecimento de um intruso no Edifício Baxter faz com que o Quarteto Fantástico descubra que criaturas compostas de energia negativa vieram à Terra usando este hospedeiro. Sue, Reed, Johnny e Ben vão embarcar em uma missão pela Zona Negativa a fim de descobrir e deter quem está por trás disso.
Ainda que eficaz, a trama não surpreende, tampouco nos envolve. Também atuando como roteirista, Alex Ross faz uma homenagem a Jack Kirby e Stan Lee, que não se limita ao visual. Isso porque Quarteto Fantástico: Ciclos tem uma breve conexão com uma aventura dos heróis criada pela dupla na década de 1960, embora possa ser lida de forma independente.
Não é difícil devorar o quadrinho em pouquíssimo tempo, por ser bem direto, sem espaço para desenvolvimento da trama. Enquanto os protagonistas exploram as dimensões do universo, lidando (e evitando) com uma série de ameaças, a jornada nos pareceu um amontoado de situações. A impressão é de que a obra funciona mais como pretexto para Ross se entregar ao máximo no ponto de vista da arte. Afinal, é na Zona Negativa onde ele expressa todo seu talento.
Desviando um pouco do estilo realista que é sua marca, o quadrinista tem uma arte mais dinâmica em Quarteto Fantástico: Ciclos. No entanto, ainda é reconhecível pelo cuidado com os detalhes, as expressões faciais e a composição das páginas, capaz de exigir alguns minutos para você processar todo impacto visual. Um dos grandes diferenciais é a paleta de cores. Com colaboração de Josh Johnson, a escolha dos tons vibrantes empurra a estética da HQ para mais próxima da pop art.
Quarteto Fantástico: Ciclos é uma aventura de exploração, que revisita o passado sem deixar de ser original. É uma HQ visualmente muito bonita, que vale a leitura, mas sem muita expectativa de encontrar uma grande história.