[Especial]

Quando o evento precursor do FIQ reuniu Will Eisner, Joe Sacco e Serpieri no Brasil

24 abril 2024
Por Fora do Plástico

Em outubro de 1997, Belo Horizonte recebia a 3ª Bienal Internacional de Quadrinhos. Depois duas edições no Rio de Janeiro, em 1991 e 1993, o evento muda a rota e desembarca na capital mineira, como parte das comemorações de seu centenário. Ali surgiu a faísca para o que viria a acontecer a partir de 1999, o Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte, o FIQ.

Mas, antes, vamos por partes.

Por falta de apoio da prefeitura carioca, a Bienal Internacional de Quadrinhos não aconteceu em 1995, e os quatro anos de interrupção foram encerrados com a acolhida mineira, transformando pela primeira vez BH no maior ponto de encontro latino-americano de HQs.  Com Joe Kubert e Ziraldo como quadrinistas homenageados, o terceiro ano da Bienal teve convidados nacionais e internacionais de renome, debates, palestras, exposições e oficinas.

O prédio centenário da Serraria Souza Pinto havia, naquele ano, acabado de ser transformado em espaço cultural e foi escolhido para sediar as principais atividades do evento, que teve ainda outros espaços culturais espalhados pela cidade.

 

É importante dizer que o modelo de evento era bem diferente do que vemos hoje.

Não havia feira de quadrinhos, por exemplo. Além disso, a preocupação com a diversidade de convidados e inclusão de mulheres não parecia algo prioritário.
O principal enfoque da 3ª Bienal, organizada pela Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte em parceria com o Centro de Quadrinhos, Roteiro e Imagens, eram as exposições, com muitos materiais originais dos artistas.

Algumas das exposições que marcaram a 3ª Bienal

– Martin Mystère, o investigador do impossível: com materiais de Giancarlo Alessandrini, Paolo Ongaro e outros artistas.

– Panorama Internacional da HQ: com materiais de alguns dos convidados internacionais,
como Joe Sacco, Will Eisner e Enrique Breccia, que acabou cancelando sua vinda.

– 100 anos de quadrinhos mineiros: Cronologia histórica das publicações e autores da cidade, organizado pelo Estúdio HQ.

– Amazônia Ano 3000:
Visão futurista da evolução da Floresta Amazônica, com originais de Mauricio de Sousa, Jô Oliveira, Julio Shimamoto, Laerte, Spacca, Luiz Gê e Lourenço Mutarelli.

Artistas em ascensão

Durante o evento ocorreu a premiação do Concurso Nacional da 3ª Bienal de Quadrinhos. Ao todo, 743 histórias foram inscritas no concurso, das quais 30 ficaram expostas no evento. O primeiro colocado foi Marcelo Lelis pela história “NeoLiberal”; Quinho conquistou o segundo lugar com “Ele” e o terceiro ficou com Rogério de Souza, com “Memórias no Tempo Futuro”.

Por que a 3ª Bienal foi importante para o futuro dos quadrinhos no Brasil?

O evento fez tanto sucesso em Belo Horizonte, que foi criado o Festival Internacional de Quadrinhos, o FIQ, que passaria a ser realizado a cada dois anos, sempre na capital mineira. O primeiro FIQ aconteceu em 1999 e, em 2024, o maior evento exclusivo de quadrinhos no Brasil chega a sua 12ª edição.

Gostou da leitura? Ajude o Fora do Plástico

Você não precisa de muito para contribuir com o Fora do Plástico. A partir de R$5,00 mensais, ou seja, um cafezinho, você já está nos ajudando a manter o Fora Plástico.
Quero Apoiar
Carrinho atualizado