Prazer, Stan

11 abril 2024

De Tom Scioli
208 páginas
Conrad | 2024
Tradução: Érico Assis

Prazer, Stan faz um trabalho sólido ao evocar episódios da vida de Stan Lee, uma figura rodeada por controvérsias, mas que foi fundamental para transformar os quadrinhos no que são hoje. Tom Scioli não esconde os “pecados” de Lee, enquanto também mostra todo seu talento para os negócios. Um estudo de personagem, praticamente.

Após lançar a biografia de Jack Kirby, publicada no Brasil pela Conrad em 2021, Scioli decide produzir no mesmo formato uma HQ que detalha a vida de Stan Lee. Sem qualquer aprovação da família do biografado ou da Marvel, o quadrinista se baseia em fontes variadas, incluindo entrevistas que Lee concedeu durante a vida, para escrever e desenhar a obra.

“Prazer, Stan” é uma coleção de momentos, às vezes desarticulados. Quando caminha para o fim, o roteiro peca ao se tornar mais picotado, o que impacta um pouco a leitura. No entanto, o produto final ainda é um trabalho interessante por passar por tantos episódios, para o bem e para o mal, na carreira desse ícone dos quadrinhos.

Por trás da figura midiática e muito cultuada na cultura pop em geral, há os bastidores. É natural notar que a compreensão do público muda, à medida que se aprofunda na vida de Stan Lee. E é por isso que quem não conhece tanto sobre ele pode se chocar com as relações de trabalho conturbadas, o comportamento tóxico para com outros profissionais ou mesmo a formação de uma lenda sobre si mesmo.

A estética retrô dá um charme único ao quadrinho. Outro ponto a se destacar são as composições de páginas, que contribuem para tornar a narrativa visual mais íntima. Scioli mantém o protagonista sempre em foco, fazendo um ótimo trabalho com suas expressões faciais e linguagem corporal.

Publicado pela Conrad, “Prazer, Stan” traz uma visão lúcida da figura imperfeita que Stan Lee foi. Tom Scioli o apresenta como alguém complexo. Não estamos diante apenas do editor-chefe da Marvel, do roteirista, do mito criado. Tampouco estamos diante de um vilão. É o Stan Lee de carne e osso que conhecemos aqui.

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