De Al Stefano
80 páginas
Zapata Edições | 2022
Com um ótimo desenvolvimento, Piratas do Cangaço, de Al Stefano, é um entretenimento delicioso, que nos conduz para uma aventura pelo mar do sertão. Isso mesmo, o mar do sertão, porque a profecia de Antônio Conselheiro se tornou real, neste mundo habitado por criaturas antropomórficas.
A trama já começa com uma missão: Vela Seca precisa resgatar seu ex-capitão, Labareda, que será enforcado em praça pública. Acompanhamos o plano do personagem, com corpo de bode, até que percebemos que ele não foi bem sucedido. É aí que Piratas do Cangaço mostra que, para além de uma boa história, traz também uma narrativa interessante, que brinca com as perspectivas de outros personagens. Assim, de uma forma não muito linear, conhecemos as contribuições de Carcará e de Fogueteira, ex-companheiros de bando de Vela Seca, que também receberam a mesma missão de resgate de Labareda, mesmo que com motivações distintas.
O quadrinho aproveita a ambientação, inclusive na escolha dos animais que são representados entre os personagens. Labareda é um boi, Carcará é uma ave, como o próprio nome prevê, Fogueteira é uma espécie de lagarto. O quadrinho usa também a linguagem como marca dessa regionalidade, trazendo expressões locais.
São pouco mais de 70 páginas, por isso, a história precisa se desenvolver com velocidade e Al Stefano usa a dinâmica dos quadros para fazer com que o leitor não se sinta apressado, ao mesmo tempo em que nos carrega de informações. Porém, nem todos podem se sentir confortáveis com esse ritmo. As saídas para os problemas apresentados na trama não são nada mirabolantes, muito pelo contrário, fazem parte de como o enredo nos é apresentado.
A arte é rica em detalhes, caracterizando bem os personagens e mesclando elementos clássicos do visual do cangaço com elementos canônicos das histórias de pirata. Aquele universo se torna perfeitamente plausível aos nossos olhos.
Com um gancho para novas histórias dos Piratas do Cangaço, a HQ lançada pela Zapata Edições, nos deixa muito curiosos por novas aventuras do bando. Uma junção de ação, brasilidade e até toques de crítica política e social tornam essa uma aventura muito recomendável.