De Hubert e Zanzim
160 páginas
Nemo | 2021
Tradução: Renata Silveira
Multipremiado, Pele de Homem, de Hubert e Zanzim, é uma leitura vibrante. A HQ encanta desde a maneira bem-humorada como escolhe abordar seus temas ao enredo progressista, mas que se passa em tempos passados. Em uma cidade italiana, no período da Renascença, acompanhamos a Bianca, uma jovem que terá um casamento arranjado por seus pais. O noivo é Giovanni, um homem com quem ela falou poucas vezes. A ideia de não saber nada sobre o rapaz com quem passará o resto da vida aflige a protagonista, porém, tudo muda quando ela recebe de sua madrinha uma espécie de herança de família: uma pele de homem.
Ao vestir a pele, Bianca ganha todas as características de um homem, a quem as mulheres da família chamam de “Lorenzo”. Com esse novo corpo, a personagem poderá vivenciar o círculo social masculino, extremamente fechado às mulheres. A partir disso, o roteiro toma rumos inesperados. Hubert consegue, por meio de uma história que mescla fantasia, história e humor, falar sobre gênero, fanatismo religioso, machismo e sexualidade. Tudo com muita naturalidade. É interessante observar como o contexto do quadrinho é um momento específico da história, mas as temáticas que entrecortam a trama seguem absolutamente atuais.
Ao lado do roteiro inventivo de Hubert, temos a arte de Zanzim, que é um espetáculo à parte. O desenhista faz painéis criativos, brincando com tempo e espaço e abusando das cores e das referências arquitetônicas. O traço estilizado casa perfeitamente com o tom crítico, quase satírico, que a obra possui.
Publicado pela Nemo, Pele de Homem está entre as nossas leituras preferidas deste ano. É uma HQ divertida, leve, mas não menos impactante. É despretensiosa e também é afiada. Uma obra perfeita para nos fazer pensar, dialogar e, por que não? Sorrir.