De Jason
48 páginas
Mino | 2024
Tradução: Pedro Cobiaco
Jason é daqueles artistas com uma identidade muito marcada. Depois de tantas obras lançadas no Brasil pela Mino, sempre é possível esperar algo, no mínimo, curioso ou inventivo vindo do artista e é exatamente isso que encontramos em O Último Mosqueteiro. Em uma mistura de literatura francesa clássica com ficção científica, nos deparamos com um dos Três Mosqueteiros, Athos, vivendo no presente. Seus tempos de glória ficaram para trás e nem mesmo seus companheiros parecem se importar com a irmandade de antes. Mas ele conseguirá mostrar que sua honra e bravura persistem aos séculos, quando é acidentalmente levado a Marte, após uma invasão alienígena.
A sinopse é o suficiente para evidenciar que a lógica não importa aqui, Jason quer divertir e instigar o leitor com uma história descompromissada e quase anedótica. Athos é puro carisma, com seu jeito polido e sua resistência para encarar a modernidade. Suas interações com os demais personagens rendem bons momentos, mas O Último Mosqueteiro perde força à medida que se encaminha para o fim. É como se, mesmo com poucas páginas, o humor nonsense começasse a apresentar sinais de desgaste, talvez pela sequência alucinante de reviravoltas e gags do final.
A arte segue o “padrão Jason”, com personagens antropomórficos, traços econômicos e ótimas cores, que dão um charme especial às cenas no espaço.
Temos nossos favoritos entre as obras do autor, por isso, é inevitável fazer comparações com A Gangue Da Margem Esquerda e Eu Matei Adolf Hitler, os outros dois quadrinhos da “trinca Jason”, composta por obras pelas quais o norueguês venceu o Prêmio Eisner em três anos seguidos, de 2007 a 2009. Mesmo que não tenha nos conquistado tanto quanto os demais, a diversão está igualmente presente em O Último Mosqueteiro, com aquele jeitinho Jason de contar histórias.